Ainda sobre Kaingang no Brasil e Argentina
Renat Nicolai
indiosbr_nicolai at YAHOO.COM.BR
Thu Nov 30 10:08:04 UTC 2006
Caros amigos,
Possuo dois exemplares da obra "Actualidade indigena", de Telemaco Borba, editada em 1908 em Curitiba. Um deles apresenta uma data (São Paulo, 25.7.10) e uma dedicatória de Nimuendaju a seu amigo Fritz Besser, manuscritas a tinta. Além disso, há várias anotações com a mesma caligrafia, mas a lápis, corrigindo ou "personalizando" as grafias de muitas palavras indígenas (kaingang e guarani) em alguns textos do livro. Certamente são de Nimuendaju também. Pretendo escanear a obra (já está na fila há algum tempo) e repassá-la para os interessados, disponibilizando-a na internet.
Mas o que me leva a escrever aqui, além dessa notícia, é o fato de haver, entre outros, um "Vocabulário dos idiomas Guaianá e Kaingangue" nessa obra (p. 138-9) em que se reproduz os termos de Patiño para o Guaianá, e muitas palavras não coincidem com as grafias divulgadas aqui.
O autor, Borba, viveu na província de Misiones:
"Residimos pelo espaço de quase dois anos, 1894 e 1895, no território de Missões na República Argentina; conhecemos pessoalmente o cacique Kaingangue Nadana e seus companheiros; vimos também alguns "Caigrús" do alto Paraná; mas, de Ingains, nunca tivemos noticia.
"O Ingain, observado por meu distinto amigo, o arqueólogo Argemiro J. B. Ambrosetti, parece-nos que seria um selvagem de outra nação escravizado pelos Kaingangues, e daí o vício de 'misturar' palavras do próprio idioma com as do Kaingangue" (p. 136, texto de 1905, ortografia atualizada por mim).
Como também há, nesse vocabulário, p.ex., um termo em português que não coincide ['mao' (mau) onde se lê 'madre' na lista da mensagem de Viegas] não sei se a lista de Borba é confiável.
Gostaria da vossa opinião. Vou pelo menos ver se reviso a lista ainda hoje para enviá-la com as discrepâncias até amanhã.
Cordialmente,
Renato Nicolai
Victor Petrucci <vicpetru at hotmail.com> escreveu: Caro Viegas e demais amigos da lista
Ainda no tema Kaingang, vocabulários antigos e semelhanças, acho que vale a
pena citar algumas obras históricas, por seu valor histórico e potencial
para estudos diacrônicos. Desculpem-me os que já conhecerem as obras
citadas.
Comecemos pelo vocabulário Kaingang - Yakwä(n) Dagtéye, recolhido por
Nimuendaju e "levantado pela índia Mariana, do Rio do Peixe, na Fazenda
Mattão do Crl.. Sanches de Figueredo, perto de Plastina, em 1909" conforme
transcrito numa brilhante carta de Curt Nimuendaju a Rosário Farani Mansur
Guérios, datada de Belém do Pará em 16 de Dezembro de 1944. Curiosamente
esse vocabulário só foi publicado devido à "desobediência" de Guérios que
não cumpriu o pedido de Nimuendaju para que não o publicasse (Revista do
Museu Paulista, N.S., Vol II; 221-223). São cerca de 250 entradas (incluídas
aí algumas frases). Infelizmente não o tenho digitado. Creio ser um bom
material para estudo diacrônico pois remonta a essa língua a quase 100 anos
atrás.
Um outro aspecto é que essas cartas (12 datadas entre 4 de maio de 1943 e 7
de dezembro de 1945) trazem um interessante conteúdo, num tempo em que os
estudos lingüísticos eram bem mais singelos, espontâneos e extremamente
ecléticos. Há 63 anos atrás o mestre Aryon Rodrigues já era citado... Aliás,
pelo que me consta Guérios foi seu professor em Curitiba. As cartas de
número 11 e 12 são do Prof. Aryon endereçadas ao Nimuendaju. Parecem ser o
primeiro contato entre eles.
Lembramos que em 1942 numa separata dos Arquivos do Museu Paraense (Vol II -
Artigo IX; 97 a 178 "dado à publicidade em julho de 1942", Guérios já
publicava seus "Estudos sobre a língua Caingangue" notas histórico
comparativas: dialeto de Palmas e dialeto do Tibagí - Paraná". O texto é uma
fonte fantástica da etnografia Kaingang do século passado. Como discípulo de
Trombetti, Guérios se lança em estudos de "glotologia comparada" que, se
hoje podem ser considerados fantasiosos, nem por isso deixam de ser
interessantes para se ler.
Ainda dos Arquivos do Museu Paranaense, do qual Guérios era consultor de
lingüística, há no Vol VI 1947. a reedição da obra "Apuntes sobre el idioma
Caingangue de los botocudos de Santa Catarina, Brasil" de autoria de Wanda
Hanke. A obra consta de vocabulário estruturado (parentesco, natureza,
partes do corpo, coisas e produtos, "abstracta", poronomes, adjetivos,
numerais, advérbio, verbo, esboço gramatical, pequenas frases e saudações) e
de textos extensos em Kaingangue e Português (não sincronizados), etc e etc.
Esse artigo é seguido por um outro da mesma autora. "Vocabulário del Dialeto
Caingangue de la Serra do Chagú , Paraná. Embora menos extenso, é
estruturado de forma semelhante ao anterior.
Finalmente acho interessante citar o texto "Indios Caingangs (Coroados de
Guarapuava) Monographia acompanhada de um vocabulário do dialeto que usam
por Alfredo d'Escragnolle Taunay. Infelizmente não consigo precisar a data
de edição mas deve ter sido redigido por volta de 1886 enquanto Taunay era
"presidente" do Paraná e Senador do Império. O vocabulário é acompanhado por
texto etnográfico.que descreve os Kaingang do final do século XIX, portanto
a bem mais de 100 anos.
Um abraço a todos.
Victor A. Petrucci
Campinas - Brasil
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530 línguas indígenas / lenguas indígenas / indigenous languages
28.000 palavras / palabras / words
>From: Pedro Viegas Barros <peviegas2003 at yahoo.com.br>
>Reply-To: etnolinguistica at yahoogrupos.com.br
>To: etnolinguistica at yahoogrupos.com.br
>Subject: Re: [etnolinguistica] Sobre Kaingang na Argentina
>Date: Wed, 29 Nov 2006 01:49:29 -0300 (ART)
>
>Estimados colegas:
>
> En el mail anterior hubo problemas con algunos números. No son 64 las
>palabras "guayanás" de Patiño publicadas por Lista, sino 55. Y no so 9 sino
>11 las que este último autor agregó.
> En la parte final del mail, donde está escrito "durante los siglos XV a
>XVII" léase "durante los siglos XVI a XVIII".
> Finalmente, en la referencia, omití las páginas del libro del tomo I de
>las Obras de Ramón Lista en que aparece su trabajo "El territorio de las
>Misiones", y que son: p. 275-347.
> Dusculpen estas erratas.
>
> Cordialmente,
>
> J. Pedro Viegas Barros
>
>
>
>Pedro Viegas Barros <peviegas2003 at yahoo.com.br> escreveu:
>
> Estimados colegas:
>
> Quiero felicitar públicamente a los responsables de la traducción y
>publicación del trabajo de Ambrosetti. Me parece muy importante que este
>trabajo se publique en el único país donde actualmente se habla Kaingáng,
>Brasil, aunque la lengua también se habló en territorios pertenecientes
>actualmente a Argentina y Paraguay.
> Si no me equivoco (no soy especialista en la lengua), para el Kaingáng
>que se habló en la Argentina, el de Ambrosetti sería el único registro
>existente.
> Con respecto al Kaingáng de Paraguay (que posiblemente haya sido un
>dialecto distinto a los demás), lo único que conozco es el reducido
>vocabulario guayaná, de 64 palabras, publicado por primera vez en 1883
>por Ramón Lista (Lista 1998: 344-45), el cual habría sido compilado por
>
el teniente del Ejército paraguayo, D. Domingo Patiño, que practicó en
>1863 un rápido reconocimiento del Alto Paraná, dando cuenta a su Gobierno
>de los resultados de su comisión, en un extenso informe publicado en 1881
>por la imprenta de ''La Reforma'' de la Asunción, con el título de ''Diario
>de un viaje por el Paraná'' (Lista 1998: 344, nota al pie de página). A
>estas palabras, Lista agregó 9 términos recogidos por él mismo en 1882 en
>Villa Azara (hoy Domingo Martínez de Irala).
> Dado que estos materiales del Kaingáng paraguayo parecen ser poco
>conocidos, creo que puede ser de algún interés reproducirlos aquí. Los
>términos entre paréntesis son los que habrían sido recogidos por Lista, los
>demás son los de Patiño, siguiendo el mismo orden y con las mismas grafías
>y las mismas glosas con que Lista los publicara bajo el título de
>Vocabulario de la lengua Guayaná (de acuerdo a la edición de 1998):
>
> Agua Cran (pranl)
> Arroyo Ramuel
> Anzuelo Amiriyá
> Boca Amincá
> Brazo Aguá (ammá)
> Cabeza Aparé (ancai)
> Cabellos Ñamignai
> Collar Amintao
> Canoa Neá
> Camisa Unamá
> Cuchillo Chambrá (cochá)
> Cejas Aspingrá
> Ceniza Nmará
> Cielo Asó (ard)
> Dientes Amiyao
> Estrella Prá
> Frente (la) Acucá (apucá)
> Fuego Npai
> Hombre Cuerá
> Hacha Nerán
> Hijo Antrá
> Hija Ambié
> Indio Quimdá
> Jabalí Neré
> Leon (puma) Chichar
> Leña Amirybiyá
> Luna Priihí
> Manos Amincaminuitá (amenencá)
> Mono Quiñere
> Monte Cuche
> Maíz Dan (quengtá)
> Madre Anñá
> Miel de abeja Má
> Muslo Acré
> Nariz Amiñá
> Olla Curuguá
> Ojos Apintá
> Oreja Aminerá
> Pescuezo Ambbruy
> Pescado Ndayá
> Porongo Lá
> Pestañas Apitamingay
> Patillas Amiyuíag
> Pecho Amintá (amlé)
> Pala de canoa Yutá (itá)
> Piedra Queré (quné)
> Poncho Nlí
> Quijada Amincrará
> Rana Ndaú
> Sol Roiñá
> Tigre Chuchí
> Vientre Ndao
> Víbora Mbechá
> Zapallo Pohó
> Zapo Npaó
>
> Referencia:
> LISTA, Ramón (1998): El territorio de las Misiones, Obras, tomo I
>(1877-1886). Buenos Aires: Editorial Confluencia.
>
>
>
> Voy a aprovechar la presente incursión en este foro para hacer una
>pregunta que hace algún tiempo quiero formular a los especialistas en
>Kaingáng.
> Algunos autores han especulado con que ciertos grupos aborígenes de las
>provincias argentinas de Corrientes y Entre Ríos durante los siglos XV a
>XVII, de los cuales casi no hay más datos que los etnónimos, podrían haber
>estado emparentados lingüísticamente con los Kaingáng
> Se dice entre otras cosas- que el gentilicio Cainaróes
significa algo
>así como "Cabelludos" en idioma Cáingang (cito de Los caingang de la
>Mesopotamia argentina, http://caingang.pais-global.com.ar). En el mismo
>lugar se continúa diciendo luego que
es indudable que toda esa población
>precharrúa de la Mesopotamia Argentina era de estirpe cáingang. Por
>consenso general, lo eran los llamados Gualachies del norte, y lo eran
>también los Yaróes del sur. Lo fueron igualmente toda un aserie de pequeñas
>entidades que, cual los Guayquirarós, los Cupizalós y los Eguarós, son
>mencionados por las fuentes históricas del siglo XVIII en el interior de
>Corrientes. Y lo son finalmente muchos topónimos de la misma región. Con
>respecto a esto último, creo el autor debe estar refiriéndose a alguna
>interpretación hecha originalmente hace unos 70 u 80 años por Antonio
>Serrano (no tengo aquí la referencia exacta, cito de memoria) de un
>topónimo como Nogoyá a partir del Kaingáng goj
> agua
> Mi pregunta dirigida a los especialistas en Kaingáng es: ¿Qué puede
>haber de cierto en estas especulaciones?
>
> Desde ya, muchísimas gracias por la(s) respuesta(s).
> Cordialmente,
>
> J. Pedro Viegas Barros
>
>
>"Wilmar R. D'Angelis" <dangelis at unicamp.br> escreveu: Peço que
>divulguem na nossa lista. Obrigado.
>Wilmar DAngelis
>
>A Editora Curt Nimuendajú acaba de lançar (na Feira do Livro de Porto
>Alegre), mais uma obra de interesse histórico, etnográfico e lingüístico
>sobre uma população Jê. Trata-se do livro
>
>OS ÍNDIOS KAINGANG DE SAN PEDRO (MISSIONES), COM UM VOCABULÁRIO
>de Juan Bautista Ambrosetti
>
>Esse livro torna acessível uma clássica etnografia sobre os Kaingang,
>publicada originalmente em espanhol (Buenos Aires, 1894). Não há sequer
>um exemplar da publicação original em bibliotecas e instituições públicas
>brasileiras.
>Trata-se do mais importante e original trabalho sobre comunidades Kaingang
>que habitaram em território argentino (em Missiones), no século XIX. Juan
>Ambrosetti visitou a última delas, em San Pedro, em suas importantíssimas
>Viajes a Misiones, àquela época uma região de floresta quase inacessível.
>Entre seus méritos, esse trabalho de Ambrosetti tem o de ser a publicação
>etnográfica que divulgou as primeiras fotografias dos Kaingang (presentes
>no volume).
>O trabalho de Ambrosetti inclui, além disso, um vocabulário com mais de
>800 itens (no livro, em versão trilíngüe), o mais importante vocabulário
>dessa língua publicado antes de 1900. Até o aparecimento do Dicionário do
>Frei Val Floriana, em 1920, nenhum outro vocabulário publicado havia
>superado o de Ambrosetti em extensão. Há problemas, certamente, com sua
>anotação ou transcrição das palavras kaingang, mas isso não reduz sua
>importância histórica, nem o despoja de valor lingüístico
>O livro de Ambrosetti também deu divulgação à história do menino Bonifácio
>Maidana, cujo pai fora morto pelos índios, e que, adotado por um deles,
>veio a se tornar o último importante cacique Kaingang em território
>argentino.
>
>A publicação da etnografia de Juan B. Ambrosetti sobre os Kaingang de
>Missiones (Argentina) do século XIX, constitui o segundo lançamento da
>Série Etnografia e História, da Editora Curt Nimuendajú.
>Nessa série são publicados textos etnográficos e históricos clássicos
>sobre populações indígenas brasileiras, e em especial, traduções de
>trabalhos originalmente divulgados em língua estrangeira, de difícil
>acesso a pesquisadores brasileiros e às próprias comunidades indígenas.
>
>A Editora Curt Nimuendajú é uma editora independente, não subsidiada,
>totalmente dedicada às questões de interesse das populações indígenas.
>
>Acesse: www.curtnimuendaju.com
>
>ou escreva para: pedidos at curtnimuendaju.com
>
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