MISSION ÁRIOS EM TERRAS I NDÍGENAS
C. Sandro Campos
csampos at YAHOO.DE
Mon Oct 8 15:15:40 UTC 2007
Cara Carla Silva,
você não entendeu bem o que quis dizer. Não sou contra a criação de cursos universitários, uso de câmeras, encontros indígenas, etc. Muito pelo contrário. A comparação que fiz foi com relação aos impactos que essas ações podem ter na vida dos índios, talvez maiores que as que ocorrem com a presença de missionários. Já trabalhei em cursos de formação indígena e conheço de perto o trabalho desenvolvido em cursos superiores indígenas. Tem muita coisa positiva, mas tudo está acontecendo de forma muito rápida e desordenada. Não sabemos ainda os impactos que essas ações terão sobre as sociedades indígenas e principalmente sobre as suas línguas. Só no futuro poderemos avaliar, ou melhor, alguém nos avaliará, quando não estivermos mais aqui. O que sei é que os cursos de formação indígenas e cargos de agentes de saúde promovem uma grande desigualdade nas aldeias. Ok se tudo muda, mas há maneiras menos impactantes de mudar. Você disse que o que os missionários fazem é "destruir a
auto-estima dos índios". Isso pode acontecer, mas não é o que vejo em muitos casos. Tem muito missionário sério que luta com os índios pelas suas causas e nem menciona religião. Alguns trabalham para instituir entre os índios uma "boa conduta", sem matanças, vinganças e guerras. Isso não é tão bom quanto manejo de câmeras? Na minha opinião sim. Outros, como os Popovich, fizeram uma boa descrição da língua Maxakalí e da sua cultura. Se tentaram convertê-los, não conseguiram, o que mostra que suas ações não são tão destruidoras como você disse. Maxakalí nenhum lê a bíblia, embora muitos deles sejam alfabetizados.
Quanto à filosofia da vantagem, creio que somos nós que a levamos, pois pensamos assim e nossa sociedade funciona assim, infelizmente. Além disso, os índios não são bobos e sabem que muitos projetos e pesquisas individuais servem antes para promover professores e estudantes do que para trazer benefícios para os índios.
Carla, acho que para uma boa discussão, sobre qualquer assunto, é bom manter uma distância do objeto. Não estou defendendo os missionários, mas "descer o pau" no seu trabalho, generalizadamente, acho simplesmente muito inocente. Encerro esta discussão aqui, pois ela está muito passional, e, como o Eduardo disse, deveríamos discutir sobre língüística.
Um abraço,
Sandro.
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