Empr éstimos entre línguas Ma cro-Jê: 'cachimbo', 'machado'

Eduardo Rivail Ribeiro kariri at GMAIL.COM
Wed Aug 20 23:37:46 UTC 2008


Caros Adolfo, Victor e Mary,

Obrigado a todos pelas dicas. A propósito, esta palavra para 'cachimbo' em 
Kaiapó, mencionada pelo Adolfo, é um empréstimo do Karajá (warikòkò; tb. 
warikòna). A descrição dada, aliás, bateria perfeitamente com a do cachimbo 
Karajá -- publicada, com desenho e tudo, por Ehrenreich.

Isto me fez pensar em duas outras semelhanças. A palavra para 'fumo' em 
Xerénte é wariN (a primeira sílaba teria sido provavelmente um prefixo, como 
sugerido pela forma em línguas Jê do Norte, karen; a raiz que pude 
reconstruir, no momento, limita-se às línguas Jê "amazônicas": *-ren). Uma 
possibilidade então, talvez remota, é que a forma para 'cachimbo' em Karajá 
se relacionaria com a forma para 'fumo' em Xerente (cf. Karajá kò 'pau').

Aproveitando a ocasião, gostaria de requentar um outro pedido de ajuda à 
lista, também sobre o tabaco. Trata-se de tentativa de traçar, mais ou 
menos, uma possível rota para a difusão do cultivo do tabaco -- e de 
palavras relacionadas com seu uso -- pelas terras baixas da América do Sul: 
http://lista.etnolinguistica.org/763

Aproveitando um pouco mais, gostaria que, se possível, me esclarecessem uma 
outra dúvida: qual a origem da palavra -- e do produto -- paricá?

Mais uma vez, agradeço qualquer contribuição a esta discussão.

Abraços,

Eduardo




----- Original Message ----- 
From: João da Silva
To: etnolinguistica at yahoogrupos.com.br
Sent: Tuesday, August 19, 2008 10:17 AM
Subject: Re: [etnolinguistica] Empréstimos entre línguas Macro-Jê: 
'cachimbo', 'machado'



     Eduardo,

     A palavra caiapó (mebengokré) para aquilo que a gente chamaria 
'cachimbo' é warikokó. A coisa em si mesma é um instrumento para fumar 
tabaco, que no século XIX (informação referente aos Caiapós do Araguaia, 
extintos oje) era uma semente dura de árvore - tenho a impressão que de 
jatobá), marron, comprida, furada na forma de um bocal de um lado e com o 
furo atravessando ela e saindo do outro lado, por onde se puxava a fumaça. 
Hoje em dia se os faz de madeira, um 'cachimbo' reto, sem curva, como era o 
warikokó antigo.

Abs,

Adolfo de Oliveira


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