No jornal: Ind ígenas americanos buscam seus idiomas esquecidos

Marcos A.M. imutavel at YAHOO.COM.BR
Mon Apr 19 14:49:39 UTC 2010


Na Folha de São Paulo de hoje, 19/04/2010
caderno The New York Times

*Indígenas americanos buscam seus idiomas esquecidos*

*Por PATRICIA COHEN*

Há quase 200 anos ninguém fala shinnecock ou unkechaug, línguas de duas 
tribos indígenas d e Long Island, Estado de Nova York. Agora, a 
Universidade Stony Brook e duas nações indígenas estão iniciando um 
projeto conjunto para recuperar essas línguas extintas, usando 
documentos antigos, como uma lista de vocabulário compilada pelo 
ex-presidente dos EUA Thomas Jefferson (1801-09) durante visita à ilha 
em 1791.
A meta é ressuscitar as línguas e levar membros das tribos a falá-las, 
disseram representantes das tribos e da Universidade Stony Brook, em 
Southampton.
O chefe Harry Wallace, líder eleito da nação unkechaug, disse que, para 
os membros das tribos, conhecer a língua é uma parte integral da 
compreensão de sua própria cultura. "Quando nossos filhos estudam sua 
língua, eles têm performance educacional melhor", disse. "Têm uma base 
forte na qual se apoiar."
O caso de Long Island faz parte de uma onda de projetos de recuperação 
linguística empreendidos por índios americanos nos últimos anos. Para 
muitas tribos, a língua é o adesivo cultural que mantém uma comunidade 
unida. Bruce Cole, ex-presidente da Organização para as Humanidades dos 
EUA, que patrocina programas de preservação de idiomas, descreveu a 
língua como "o DNA de uma cultura".
As chances de o empreendimento não ter êxito são grandes, em vista do 
número pequeno de pessoas que poderão vir a falar as línguas e da 
dificuldade em persuadir uma nova geração a participar.
Das mais de 300 línguas indígenas que eram faladas nos EUA, só 175 ainda 
existem, segundo o Instituto de Língua Indígena. Esse grupo sem fins 
lucrativos estima que, sem esforços de restauração, não mais que 20 
dessas línguas ainda serão faladas em 2050.
A tribo unkechaug, que ocupa reserva de 21 hectares em Mastic (Estado de 
Nova York), tem 400 integrantes cadastrados. Os shinnecock abrangem 
cerca de 1.300 membros cadastrados e têm uma reserva adjacente a 
Southampton.
Robert Hoberman, diretor do departamento de linguística da universidade 
Stony Brook, cuida da parte acadêmica do projeto.
O shinnecock e o unkechaug fazem parte da família de línguas 
algonquinas. Algumas delas têm dicionários e ainda são faladas por 
algumas pessoas como sua primeira língua, disse Hoberman. A equipe pode 
recorrer a essas pessoas para descobrir palavras e entender estruturas 
gramaticais.
O professor explicou que a recuperação da língua é um processo de duas 
fases. "Primeiro, temos que decifrar a 'aparência' que a língua tinha", 
disse ele, usando orações das quais as pessoas se recordam, saudações, 
ditados e listas de vocabulário como a que foi criada por Thomas 
Jefferson. "Em seguida, analisamos línguas que são mais bem 
documentadas, olhamos listas curtas de vocabulários para ver as 
diferenças e equivalências e, então, usamos tudo isso para reconstruir 
as línguas de Long Island. "Quando tivermos uma ideia de como a língua 
deve soar, de seu vocabulário e sua estrutura, então a introduziremos às 
pessoas da comunidade."
Hoberman disse que, embora possa parecer impossível recriar o som de uma 
língua perdida, o processo não é tão misterioso assim: os dicionários 
foram transliterados para o inglês.


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