ergatividade em l ínguas Jê setentrionais
Flávia de Castro Alves
pahno at TERRA.COM.BR
Sun Mar 14 00:37:21 UTC 2010
Olá Eduardo.
Aproveito para te perguntar uma dúvida que tenho sobre sua opinião a respeito do alinhamento ergativo nas línguas
Jê Setentrionais: pelo que foi dito na sua última mensagem sobre a “chamada ergatividade nestas línguas” (palavras
suas), você considera que, sincronicamente, não há alinhamento ergativo? Se sim, quais seriam essas línguas.
No caso do Canela, a partir do comportamento sintático exibido pela língua, não há outra alternativa a não ser
considerar as construções ergativas sincronicamente como orações principais.
Ainda sobre os estudos em sintaxe diacrônica do Jê Setentrional, te passo mais essa referência de um trabalho que
orientei, defendido na Unicamp em 2008 (qualificação de área):
ANDRADE, Aroldo Leal de. Percursos de gramaticalização da ergatividade em línguas Jê setentrionais. In: BRAGGIO, S.
L. B.; SOUSA FILHO, S. M.. (Org.). Línguas e Culturas Macro-Jê. 1 ed. Goiânia: Gráfica e Editora Vieira, 2009, v. 1, p.
43-68.
Fico no aguardo.
Com um abraço,
Flávia
On Sáb 13/03/10 03:08 , "Eduardo Rivail Ribeiro" kariri at gmail.com sent:
> Cara Maísa,
> A mensagem da Flávia me fez lembrar de uma outra possível
> sugestão de leitura -- um pequeno texto que escrevi em 2003
> sugerindo uma hipótese sobre a origem da "ergatividade" em línguas
> Jê Setentrionais:
> http://www.wado.us/paper:ergatividade
> Já me intrigava então o fato de que as análises que eu havia
> visto sobre a chamada ergatividade nestas línguas pareciam ignorar
> um fato evidente: que tal alinhamento era, simplesmente, uma
> conseqüência do caráter nominal das construções envolvidas --
> já que as mesmas envolvem as chamadas "formas longas" dos verbos,
> que são, afinal, nomes.
> Assim, a situação em Jê Setentrional seria idêntica, em
> princípio, ao que se vê no latim e no inglês (cuja
> nominalizações também seguem um padrão absolutivo), como
> descritos, respectivamente, em dois textos clássicos: o artigo sobre
> o genitivo latino, de Benveniste; e "Remarks on Nominalization", de
> Chomsky.
> Talvez haja alguma utilidade em consultar este textinho -- pelo
> menos pelas referências a estes dois textos fundamentais e a um
> terceiro, importante para o assunto em questão: um artigo de
> Ludoviko dos Santos propondo (pela primeira vez?) que os tais verbos
> longos seriam, de fato, formas nominais.
> Como no caso do Karajá -- em que um "split" ativo-estativo foi
> proposto com base no comportamento de descritivos, que são, na
> verdade, nomes --, este assunto demonstra a importância de se
> estabelecer bem critérios para distinguir nomes de verbos, papéis
> semânticos e gramaticais, etc., antes de se partir para a análise
> de sistemas de alinhamento. Do contrário, corre-se o risco de se
> fazer "translation-based linguistic analysis".
> Abraços,
> Eduardo
> --- Em etnolinguistica at yahoogrupos.com.br, Flávia de Castro Alves
> escreveu
> >
> > Olá Maísa.
> > Eu tenho trabalhado com a nominalização (oracional) e sua
> relação com os sistemas de alinhamento em Canela (Jê
> > Setentrional), mais especificamente o alinhamento ergativo e um
> outro, que tenho descrito como nominativo-
> > absolutivo (neste, houve a perda da categoria ergativo). Indico
> abaixo alguns trabalhos meus sobre esse tema.
> > Havendo interesse, posso disponibilizá-los eletronicamente.
> >
> > 1) Castro Alves, Flávia de. No Prelo. Evolution of case-marking
> in Timbira. International Journal of American
> > Linguistics, October, 2010. 82pp.
> >
> > 2) Gildea, Spike & Castro Alves, Flávia de. No Prelo.
> Nominative-Absolutive: Counter-Universal Split Ergativity in Jê
> > and Cariban. Gildea, Spike & Francesc Queixalós (eds.).
> Ergativity in Amazonia (Typological Studies in Language, 89).
> > Amsterdam: John Benjamins Publishing Company. pp. 263-318. April
> 15, 2010.
> >
> > 3) Castro Alves, Flávia de. 2010 Complement clauses in Canela,
> atualmente submetido à publicação.
> >
> > 4) Castro Alves, Flávia de. 2008. O papel das nominalizações na
> evolução do alinhamento ergativo nas línguas Jê:
> > dimensões funcionais e estruturais. AMERINDIA 32. pp.11-25.
> >
> > Além disso, uma dissertação de mestrado foi defendida semana
> passada no meu programa de pós-graduação (PPGL
> > / UnB). Logo logo deve estar disponível. De qualquer forma, você
> pode entrar em contato com o autor. Segue a
> > referência:
> > Título:
> > As nominalizações na sintaxe da língua Krahô (Jê)
> > Autor:
> > Maxwell Gomes Miranda
> >
> > Com um abraço,
> > Flávia
> >
> >
> >
> >
> >
> >
> > On Qui 11/03/10 01:37 , "Eduardo R. Ribeiro" kariri at ... sent:
> > > Cara Maísa,
> > > Olá. Caso você queira familiarizar-se com trabalhos sobre
> outras
> > > línguas da família Jê, além das línguas Jê Centrais, o
> trabalho
> > > de Andrés Salanova (2007), sobre nominalização em
> Mebengokrê,
> > > está disponível online:
> > > http://www.etnolinguistica.org/tese:salanova-2007
> > > O banco de teses e dissertações de Etnolinguistica.Org também
> > > inclui vários outros trabalhos que descrevem mecanismos de
> > > nominalização, entre outros tópicos gramaticais, em línguas
> Jê:
> > > as teses de Chris Oliveira, sobre o Apinajé; de Flávia Alves,
> sobre
> > > o Apaniekrá; de Marília Ferreira, sobre o Parkatêjê; de
> Luciana
> > > Dourado, sobre o Panará; a dissertação de Lucivaldo Costa,
> sobre o
> > > Xikrín; a de Kênia Siqueira, sobre o Xerente; etc. Dê uma
> olhada:
> > > http://www.etnolinguistica.org/teses
> > > A melhor maneira de navegar pelo site é através das
> "etiquetas"
> > > (tags), listadas na seguinte página:
> > > http://www.etnolinguistica.org/tags
> > > Finalmente, caso você queira levar em consideração dados de
> > > línguas de outras famílias dentro do tronco Macro-Jê, eu
> > > sugeriria, por exemplo, o Karajá:
> > > http://bit.ly/karaja
> > > Eu menciono estas outras línguas Jê e o Karajá porque, de
> acordo
> > > com meus estudos comparativos, os principais mecanismos de
> > > nominalização lexical que ocorrem em línguas da família Jê
> > > sincronicamente podem ser reconstruídos para o Proto-Jê -- e,
> por
> > > incrível que pareça, têm cognatos também em Karajá. Isto é
> > > mencionado em artigo, meu e de Hein van der Voort, que será
> > > publicado em breve no IJAL, disponível no seguinte endereço:
> > > http://www.wado.us/paper:jebuti
> > > Ou seja, o sufixo -ze do Xerente seria, apesar das diferenças
> em
> > > forma fonológica, cognato do sufixo -xà do Apinajé e do
> sufixo -na
> > > do Karajá; o sufixo -kwa é cognato do sufixo -xv`ynh em
> Apinajé e
> > > do sufixo -du do Karajá. Finalmente, o sufixo -r, que cria
> nomes de
> > > ação em grande parte das línguas Jê, corresponderia a um
> infixo
> > > em Karajá, -r-; a evolução deste morfema, de sufixo a infixo,
> foi
> > > descrita em trabalho que apresentei no encontro da SSILA em
> 2008:
> > > http://www.wado.us/abstract:ssila-2008
> > > Espero que estas informações venham a ser de alguma utilidade.
> > > Abraços, e sucesso com sua pesquisa,
> > > Eduardo
> > > ----- Original Message -----
> > > From: maisa parente
> > > To: etnolinguistica at yahoogrupos.com.br
> > > Sent: Wednesday, March 10, 2010 2:20 PM
> > > Subject: [etnolinguistica] Solicitando informações
> > > Boa tarde,
> > > Sou Maisa Parente, estudante de letras da Universidade Federal
> do
> > > Tocantins, campus de Porto Nacional. Estou iniciando um projeto
> sobre
> > > o processo de nominalização dos povos Xerente e Xavante. Já
> > > consegui a tese de doutorado de Sinval Martins de Sousa Filho (
> > > Xerente) e de Rosana Costa de Olveira ( Xavante). Gostaria de
> saber
> > > se alguém da lista poderia me indicar outros trabalhos sobre
> esse
> > > assunto. Caso alguém possua, e possa me mandar, ficaria muito
> > > agradecida em receber teses ou artigos que sejam referenres a
> esse
> > > asssunto.
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> > > Att,
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