Kaingang e Polinesio?
Wilmar R. D'Angelis
dangelis at UNICAMP.BR
Tue Mar 16 11:57:20 UTC 2010
Agradeço ao Sérgio por sua 'despretenciosa' contribuição, mas muito correta.
Para mim, o intrigante é que artigos como o mencionado sejam publicados
ainda. Podemos escolher ao acaso duas regiões do planeta e, depois, buscar
as línguas e as culturas locais, e encontraremos, entre as duas regiões,
fabulosas coincidências.
Os monogenistas (ver Guérios, no Paraná, por ex.) não sentiam dificuldade
em comparar Kaingang e Sânscrito, Grego e Aymara, Tupi e Japonês ou o que
fosse. Há não muito tempo alguém tentou, com muito empenho, provar a
relação genética entre o Tupi e o Grego Antigo.
Se quiserem acrescentar ao repertório Kaingang + Polinésio, vejam-se os
rituais descritos por Malinowsky sobre a construção de uma canoa, e
comparem-se com os rituais Kaingang de construção de um cocho para a
bebida do Kiki (na língua Kaingang, o cocho igualmente se diz 'canoa').
Delirar não é o que fazemos, ou pelo menos, lingüistas não deviam ter
tempo para isso.
Wilmar D'Angelis
> A minha contribuição é oriunda de um fÃsico que não tem preparação
> formal em linguÃstica. à uma contribuição baseada na lógica e não
> no conhecimento real.
>
> Me parece que qualquer solução para expressar idéias e pensamentos,
> podem aparecer mais de uma vez em linguas diferentes. Assim sendo,
> pontos de contatos entre lÃnguas, quer sejam gramaticais, quer sejam
> estruturais, não podem ser considerados fortes indÃcios de parentesco
> linguÃstico, apenas devendo ser tratados como elementos adicionais que
> indicam possÃvel contato no passado. A acumulação destas
> particularidades linguÃsticas, e.g., ergatividade, etc. aumenta o grau de
> crença de as lÃnguas em questão terem algum relacionamento, mas apenas
> isto, apenas aumentam a crença em um possÃvel relacionamento. O mesmo
> se dá com palavras parecidas, uma palavra apenas parecida contando nada,
> pois é algo que pode acontecer por acaso, ao passo que 100 palavras
> parecidas, especialmente se seguirem uma regra, já passam a ser um
> argumento forte para parentesco linguÃstico.
>
> Interessante observar que um caso similar existe em biologia, onde até
> existe um descritivo estabelecido: evolução paralela. Evolução
> paralela, como os companheiros sabem, é a aparição de alguma
> caracterÃstica similar, em aparência fÃsica, ou outra, sem no entanto
> haver ancestral comum. Em adaptação biológica (erroneamente chamada
> evolução biológica, porque o H. sapiens não é superior à formiga),
> sabe-se de muitos casos de animais fÃsicamente similares e que no entanto
> não tem ancestral comum - além do ancestral primário, bilhões de anos
> atrás. O nosso penis, por exemplo, apareceu independentemente várias
> vezes.
>
> Obrigado por lerem esta contribuição de um fÃsico com pretenção a
> linguista, e desculpem-me a pretenção.
>
> Sergio
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> (_)/ (_)
>
>
>
> Sergio Monteiro
>
> monteiroserge at yahoo.com
>
> --- On Thu, 3/11/10, Marcelo Jolkesky <marjolkesky at yahoo.com.br> wrote:
>
> From: Marcelo Jolkesky <marjolkesky at yahoo.com.br>
> Subject: [etnolinguistica] Kaingáng e Polinésio?
> To: etnolinguistica at yahoogrupos.com.br
> Date: Thursday, March 11, 2010, 1:06 PM
>
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>
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> Prezados colegas,
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> Encontrei um artigo intrigante de Vladimir Pericliev comparando as
> lÃnguas Jê Meridionais com lÃnguas Polinésicas (tronco Austronésio),
> resultado de um trabalho conduzido em 2002 no Max Planck Institute for
> Evolutionary Anthropology:
> Pericliev , V. (2007). The Kaingang (Brazil) seem linguistically related
> to Oceanic populations. Journal of Universal Language 8:39-59.
> http://www.unish. org/unish/ DOWN/PDF/ 8_2_2.pdf
> Â
> Outras hipóteses de relações genéticas intercontinentais têm sido
> propostas ultimamente, como Mongol-Sahaptin (Qiuju, 2004) e Dene-Yenisey
> (Vajda, 2008).
> Resolvi postar no grupo para levantar uma proposta de debate: até que
> ponto os argumentos somente lexicais, fonológicos ou morfossintáticos
> resultantes da aplicação do método comparativo são confiáveis em
> comparações de longa distância? O meu ponto de vista é que, de alguma
> forma, todos os domÃnios lingüÃsticos estejam necessariamente
> envolvidos e produzam conjuntamente as evidências de parentesco, não
> sendo provas cientificamente contundentes aquelas apresentadas
> isoladamente apenas de uma ou outra subárea. Neste sentido o trabalho de
> Vajda, dentre muitos,  deveria ser considerado um modelo para
> investigações neste campo cientÃfico.
> Â
> obrigado pela atenção,
> um abraço,
> Marcelo
> Â
> Referências:
> Â
> Qiuju, Yu (2004). A Comparative Study of Proto-Mongolian and
> Proto-Sahaptian. Ph.D. dissertation. University of Regina, Saskatchewan.
>
> Vajda, Edward (2008). A Siberian Link with Na-Dene Languages, Fairbanks:
> Dene-Yeniseic Symposium, http://www.uaf. edu/anlc/ docs/vajda- 2008.pdf
> .
> --- 11/03/10 Per tarihinde Biblioteca Digital Curt Nimuendaju
> <biblio at etnolinguist ica.org> Åöyle yazıyor:
>
>
> Kimden: Biblioteca Digital Curt Nimuendaju <biblio at etnolinguist ica.org>
> Konu: [etnolinguistica] Viagem ao Redor do Brasil (Fonseca 1880, 1881)
> Kime: nimuendaju at googlegr oups.com
> Tarihi: 11 Mart 2010 PerÅembe, 15:30
>
>
> Â
>
> A Biblioteca Digital Curt Nimuendaju acaba de acrescentar a seu acervo os
> dois volumes (1880, 1881) de Viagem ao Redor do Brasil, de João Severiano
> da Fonseca (1836-1897). A obra resultou da participação de seu autor --
> médico e militar, veterano da Guerra do Paraguai e irmão do futuro
> "generalÃssimo" Deodoro -- na expedição da Comissão de Limites entre o
> Brasil e a BolÃvia,
> que percorreu os territórios fronteiriços do velho Matto Grosso (atuais
> estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia) entre 1875 e 1878.
>
> Importante para o conhecimento da história do oeste brasileiro, a obra é
> também uma rica fonte de dados etnolingüÃsticos. Além de descrever
> costumes de povos indÃgenas com os quais a comissão entrou em contato,
> como os Chiquitano e os Palmela, Severiano da Fonseca inclui vocabulários
> de várias lÃnguas indÃgenas faladas no Brasil e na BolÃvia
> (Chiquitano, Guarayo, Palmela, Baure, Itonama
> e Cayuvava). A obra serve de testemunha do papel desempenhado por
> Ãndios de diversas etnias ("brasileiras" ou "bolivianas" ) como
> auxiliares na exploração e colonização do território; um exemplo
> anedótico desta diversidade é o grupo de quatro remadores contratados
> pela comissão, que incluÃa falantes nativos de três lÃnguas (Itonama,
> Baure e Cayuvava).
>
> A contribuição lingüÃstica mais importante da obra é, provavelmente,
> o vocabulário da lÃngua dos Palmela, cuja inclusão na famÃlia Karib
> (surpreendente, dada sua localização em Rondônia) seria sugerida já
> pelo próprio Severiano da Fonseca (com base em
> comparações com vocabulários de lÃnguas como o Galibi, publicados nos
> Glossaria de Martius (1867)).
>
> A obra pode ser acessada no seguinte endereço:
> http://biblio. etnolinguistica. org/fonseca-
> 1880-viagem
>
> Para saber mais:
>
> Meira, Sérgio. 2006. A famÃlia lingüÃstica Caribe (KarÃb). Revista de
> Estudos e Pesquisas, v.3, n.1/2, p.157-174. http://www.etnoling
> uistica.org/ artigo:meira- 2006
>
> Métraux, Alfred. 1942. Map of Eastern Bolivia and Western Matto Grosso.
> http://biblio. etnolinguistica. org/imagem: 2
>
> ------
> Biblioteca Digital Curt Nimuendaju
> http://biblio. etnolinguistica. org/
>
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Wilmar R. D'Angelis
Professor Doutor - Depto de Lingüística
Instituto de Estudos da Linguagem - IEL
UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas)
Estado de São Paulo - Brasil
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