Tribo amaz=?ISO-8859-1?Q?=F4nica_?=e conceito de tempo
Antonio Marcos Pereira
antoniomarcospereira at GMAIL.COM
Wed May 25 16:05:28 UTC 2011
É, Eduardo, vc tem razão, a matéria foi horrenda, e tá faltando inclusive
aprender Inglês por parte dos jornalistas aí. Tb acho que há algo para
refletir nessa necessidade periódica de mais uma encarnação do que há alguns
anos foram os Pirahã.
Mas, apesar de ter seu nome envolvido nessa infelicidade, creio que Chris
Sinha é um pesquisador sério e correto - fiz cursos com ele na UFMG qdo ele
era arroz de festa por lá, aprendi muito, e confio que há algo de valor na
pesquisa dele. Mais que isso demandará a leitura atenta do material que
supostamente dá sustentação às afirmações veiculadas. Achei um pre-print
aqui:
http://www.sedsu.org/Pdf/SinhaJoP/MixingandMapping.pdf
<http://www.sedsu.org/Pdf/SinhaJoP/MixingandMapping.pdf>Alguém conhece a
Wany?
Em 25 de maio de 2011 12:01, Eduardo Ribeiro <kariri at gmail.com> escreveu:
>
>
> Pois é, Odileiz; uma lástima mesmo. Pior ainda é que um jornal do
> Brasil tenha que reproduzir matéria da BBC (algo que, nos meus tempos de
> jornalismo, chamávamos "gillette press") sobre assunto brasileiro -- e
> reproduzem com equívocos. A matéria da BBC, pelo menos, não misturou
> Rondônia com Roraima:
>
> http://www.bbc.co.uk/news/science-environment-13452711
>
> A FSP também confunde o nome do periódico em que o estudo foi publicado (*Language
> and Cognition*) com o nome do artigo. Eis o que diz a BBC:
>
> "The study, in Language and Cognition, shows that while the Amondawa
> recognise events occuring in time, it does not exist as a separate concept."
>
> E eis a "interpretação" da FSP:
>
> "O estudo feito com os Amondawa, chamado "Língua e Cognição", mostra que,
> ainda que a tribo entenda que os eventos ocorrem ao longo do tempo, este não
> existe como um conceito separado."
>
> Abraços,
>
> Eduardo
>
> 2011/5/25 MOSC <odileiz at mandic.com.br>
>
>>
>>
>> Que lástima, nem um jornal de fama consegue desfazer o equívoco
>> geográfico: sempre trocam Rondônia por Roraima e vice-versa.
>>
>>
>>
>> Não existe na Universidade Federal de Roraima ninguém trabalhando com os
>> Amondawa.
>>
>>
>>
>> Saudações do Extremo Norte do Brasil, Roraima.
>>
>>
>>
>> Odileiz Cruz (UFRR)
>>
>>
>>
>>
>>
>> ---
>>
>> *----- Original Message ----*
>> *From:* sfacundes at gmail.com
>> *Reply-To:* etnolinguistica at yahoogrupos.com.br
>> *To:* etnolinguistica at yahoogrupos.com.br
>> *Date:* Tue, 24 May 2011 14:37:22 +0700
>> *Subject:* [etnolinguistica] Tribo amazônica e conceito de tem po
>>
>>
>>
>> Numa leitura rápida, parece uma generalização perigosa. Obviamente
>> diferentes línguas categorizam certos aspectos do universo de formas
>> distintas. Agora, apesar de minha inclinação cognitivista, até que ponto
>> algumas dessas categorizações linguísticas podem ser reduzidas a categorias
>> mentais específicas, quais categorias mentais seriam essas, e se a sua
>> ausência formal numa língua implicaria a sua ausência como categoria mental,
>> hmm... not sure.
>>
>> Sidi.
>>
>>
>>
>> http://www1.folha.uol.com.br/bbc/919488-tribo-amazonica-desconhece-conceito-de-tempo-diz-estudo.shtml
>>
>>
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>>
>> 23/05/2011 - 09h59
>> Tribo amazônica desconhece conceito de tempo, diz estudo
>>
>> DA BBC NEWS
>>
>> Pesquisadores brasileiros e britânicos identificaram uma tribo amazônica
>> que, segundo eles, não tem noção do conceito abstrato de tempo.
>>
>> Chamada Amondawa, a tribo não possui as estruturas linguísticas que
>> relacionam tempo e espaço --como, por exemplo, na tradicional ideia de "no
>> ano que vem".
>>
>> O estudo feito com os Amondawa, chamado "Língua e Cognição", mostra que,
>> ainda que a tribo entenda que os eventos ocorrem ao longo do tempo, este não
>> existe como um conceito separado.
>>
>> A ideia é polêmica, e futuras pesquisas tentarão identificar se isso se
>> repete em outras línguas faladas na Amazônia.
>>
>> Vera Silva Sinha
>>
>> Tribo amazônica que desconhece conceito de tempo, os Amondawas mudam de
>> nome conforme a idade avança
>> O primeiro contato dos Amondawa com o mundo externo ocorreu em 1986, e,
>> agora, pesquisadores da Universidade de Portsmouth (Reino Unido) e da
>> Universidade Federal de Roraima começaram a analisar a ideia de tempo da
>> forma como ela aparece no idioma falado pela tribo.
>>
>> "Não estamos dizendo que eles são 'pessoas sem tempo' ou 'fora do tempo'",
>> explicou o professor de psicologia da língua na Universidade de Portsmouth,
>> Chris Sinha.
>>
>> "O povo Amondawa, como qualquer outro, pode falar sobre eventos e
>> sequências de eventos", disse ele à BBC. "O que não encontramos foi a noção
>> de tempo como sendo independente dos eventos que estão ocorrendo. Eles não
>> percebem o tempo como algo em que os eventos ocorrem."
>>
>> Tanto que a tribo não tem uma palavra equivalente a "tempo", nem mesmo
>> para descrever períodos como "mês" ou "ano".
>>
>> As pessoas da tribo não se referem a suas idades --em vez disso, assumem
>> diferentes nomes em diferentes estágios da vida, à medida que assumem novos
>> status dentro de sua comunidade.
>>
>> Mas talvez o mais surpreendente seja a sugestão dos pesquisadores de que
>> não há interconexão entre os conceitos de passagem do tempo e movimento pelo
>> espaço.
>>
>> Ideias como um evento que "passou" ou que "está muito à frente" de outro
>> são comuns em muitas línguas, mas tais construções linguísticas não existem
>> entre os Amondawa.
>>
>> "Isso não significa que (as construções) estão além das capacidades
>> cognitivas da tribo", prosseguiu Sinha. "Apenas não são usadas no seu
>> dia-a-dia."
>>
>> Quando os Amondawa aprenderam português, que está se tornando mais comum
>> entre eles, eles facilmente incorporam a noção do tempo em sua linguagem.
>>
>> A hipótese dos pesquisadores é de que a ausência do conceito de tempo se
>> origina da ausência da "tecnologia do tempo" --por exemplo, sistemas de
>> calendário e relógios.
>>
>> Isso, por sua vez, pode estar relacionado ao fato de que, como muitas
>> tribos, o sistema numérico detalhado dos Amondawa é limitado.
>>
>> TERMOS ABSOLUTOS
>>
>> Tais argumentos não convencem Pierre Pica, linguista teórico do CNRS
>> (Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica), que foca seus estudos em
>> uma outra língua amazônica, conhecida como Mundurucu.
>>
>> "Relacionar número, tempo e espaço por uma simples ligação causal parece
>> sem sentido, com base na diversidade linguística que conheço", disse ele à
>> BBC News.
>>
>> Pica diz que o estudo sobre os Amondawa "tem dados muito interessantes",
>> mas argumentos simplificados.
>>
>> Sociedades pequenas como os Amondawa tendem a usar termos absolutos para
>> relações espaciais normais --por exemplo, referir-se à localização
>> específica de um rio que todos na comunidade conhecem bem, em vez de usar
>> uma palavra genérica para rios.
>>
>> Em outras palavras, enquanto os Amomdawa podem ver a si mesmos se movendo
>> através de arranjos temporais e espaciais, seu idioma talvez não reflita
>> isso de uma maneira óbvia.
>>
>> Novos estudos devem aprofundar o conhecimento sobre o assunto, diz Sinha.
>>
>> "Queremos voltar (à tribo) e verificar (a teoria) novamente antes que a
>> língua desapareça --antes que a maioria da população comece a aprender desde
>> cedo a usar sistemas de calendário."
>>
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>>
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>>
>>
>>
>>
>>
>>
>
>
> --
> Eduardo Rivail Ribeiro, lingüista
> http://wado.us
>
>
>
--
Antonio Marcos Pereira
Prof Adjunto I
Departamento de Letras Vernáculas
Universidade Federal da Bahia
Av. Barão de Jeremoabo, 147 - Ondina
Salvador Bahia Brasil
40170-290
00 55 71 32836237
00 55 71 91259485
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