[Etnolinguistica] Σχετ: Re: [etnolinguistica] Taruma?
Sérgio Meira asehpe@gmail.com [etnolinguistica]
etnolinguistica at yahoogrupos.com.br
Thu Feb 26 07:18:35 UTC 2015
Prezada Ana Carla,
de fato, você tem razão, /a'a/ em Wairmiri-Atroari não é segunda pessoa,
mas primeira plural exclusiva. Falha minha.
Sérgio.
2015-02-25 22:14 GMT-03:00 ana Bruno acbruno at hotmail.com [etnolinguistica] <
etnolinguistica at yahoogrupos.com.br>:
>
>
> Prezados apenas esclarecendo. Em Waimiri Atroari - a?a - e' pronome de
> primeira pessoa plural exclusivo (eu + eles) e não de segunda pessoa como
> mencionado no email abaixo.
>
> Com Estima,
> Ana Carla Bruno
>
> ------------------------------
> From: etnolinguistica at yahoogrupos.com.br
> To: etnolinguistica at yahoogrupos.com.br
> Date: Wed, 25 Feb 2015 19:13:23 +0000
> Subject: Σχετ: Re: [etnolinguistica] Taruma?
>
>
>
>
> Sérgio,
>
> Realmente, a questão dos pronomes é curiosa. O pronome de segunda
> pessoa Waimiri-Atroari aʔa é mesmo idêntico ao pronome de segunda
> pessoa Taruma coletado por Farabee (1918:283). Seria Waimiri-Atroari aʔa
> cognato com as formas de outras línguas Karíb, como Yukpa amo, Tiriyó əmə,
> Hixkaryana omoro, Makushi amɨrɨ, Panare amən, Bakairi əmə, Ikpeng omro,
> Kuikuro e:ɣe (Meira & Franchetto 2005:180)? Vale notar que os
> Waimiri-Atroari estão numa região muito próxima daquela por onde os
> Taruma também circulavam. Me parece que ainda não há consenso sobre o
> /a/ inicial em palavras de línguas Chibcha; esta é justamente uma das
> questões que Matthias está investigando.
>
> Um outro dado muito importante é que os Taruma eram exímios comerciantes,
> mantendo contato com diversos povos amazônicos e da região das Guyanas, e
> sabe-se que o comércio tem forte implicação na conformação de esferas de
> interação cultural e na consequente difusão de empréstimos. Como Loukotka
> (1949) já havia mencionado, existem muitos paralelos interessantes, por
> exemplo, entre o Taruma: (i) e línguas Mura-Pirahã (Taruma hua/fua 'fogo',
> Mura foai 'fogo', Bohurá huai 'fogo'; Taruma baiyi 'tateto', Bohurá bai
> 'tateto'; Taruma kaikwi 'paca', Bohurá kaehi 'paca', etc.); (ii) e línguas
> Arawák (Taruma ʃirata 'tesoura', Atorai ʃirata 'tesoura'; Taruma malia
> 'faca', Wapixana mari 'faca'; Taruma dun 'onça', Aruã dinu 'onça'; Taruma
> rumi 'macaco sp.', Wapishana rumi 'macaco sp.'; Taruma kwisa 'macaco sp.',
> Wapishana wisa 'macaco sp.'); (iii) e línguas Karíb (Taruma gulaparu
> 'pólvora', Arekuna kulupala 'pólvora', Makushi kulabela 'polvora'; Taruma
> mulu 'algodão', Waiwai mawrɨ 'algodão'). Igualmente, os paralelos
> apontados por você, Françoise e Pedro também mostram que os Taruma
> mantiveram contato com povos de origem Tupí (os termos 'piolho', 'veado' e
> 'flecha' são realmente emblemáticos). Além disto, eu observei que também
> existem alguns paralelos muito interessantes entre o Taruma e línguas Arawá
> (Taruma mebena ~ njebena 'língua', Proto-Arawá *abeno-/*ebano- 'língua'
> (Dixon 2004:48); Taruma bade 'machado', Proto-Arawá *bari 'machado' (Dixon
> 2004:50); Taruma urabe 'remo', Proto-Arawá *waRami 'remo' (Dixon 2004:73)). Tudo
> isto sugere que a região do baixo Amazonas tenha sido uma área de interação
> cultural, um fato que vem sendo também demonstrado por estudos
> arqueológicos. Dentro desta perspectiva, os Taruma devem ter sido um dos
> povos mercadores influentes desta área. Neste sentido, também é muito
> relevante mencionar que Rodrigues (1985:393) já apontara a ocorrência de
> contatos antigos, provavelmente nesta zona, "between the whole Tupi-Guarani
> family and North Amazonian Carib". Este é mesmo um assunto muito
> empolgante e certamente ainda há muito que descobrir.
>
> Abraços,
> Marcelo
>
>
> Dixon, R. M. W. 2004. Proto-Arawá phonology. Anthropological Linguistics,
> 46, 1–83.
> Loukotka, Č. 1949. La langue Taruma. Journal de la Société des
> Américanistes, 38: 53-65.
> Meira, S.; Franchetto, B. 2005. The Southern Cariban Languages and the
> Cariban Family. International Journal of American Linguistics, 71, 127-92.
> Rodrigues, A. D. l985. Evidence for Tupi-Carib relationships, in: Klein,
> Harriet E. & Stark, Louisa (eds.), South American Indian languages.
> Retrospect and prospect, 37l-404 . Austin: University of Texas Press.
>
>
> Στις 12:13 μ.μ. Τετάρτη, 25 Φεβρουαρίου 2015, ο/η "Pedro Viegas Barros
> peviegas2003 at yahoo.com.br [etnolinguistica]" <
> etnolinguistica at yahoogrupos.com.br> έγραψε:
>
>
>
> Estimados colegas.
>
> Me llama la atención que en la lista tan pequeña de términos de la lengua
> Taruma presentada por Sérgio se encuentren no menos de siete formas (en su
> mayoría de aparente estructura CVC(V) o similar, y pasibles de ser
> préstamos) que presentan semejanzas en diferentes lenguas del estado de
> Rondônia:
>
> (1) *w**íre* (registro más antiguo *ɸiira*) ‘estrela’, cf. Kwazá* waruwa*
> *'**ru*; Arikapú *warəwarə*, Djeoromitxi *wi**'**rə**wi**'**r**ə*; Kanoê
> *warɨwa**'**rɨ*; Mekens, Tuparí y Makuráp *waruwaru* ‘star’ (van den
> Voort 2005: 386).
>
> (2) *gída* (suponiendo que representa un registro más exacto que el más
> antiguo *gu*) ‘piolho’, cf. Gavião* git*, Cinta-Larga *ŋít*, Zoró *ŋit*
> ‘piolho’ (Rodrigues 2007: 189)
>
> (3) *híci* ‘veado’, cf. Mekéns* ɨsɨɨ*, Paitér *ísi-áb* ‘veado’
> (Proto-Tupí **ɨčɨ*; Rodrigues 2007: 179).
>
> (4) *kúba* ‘flecha’, cf. Tuparí* ekʉp*, Makuráp *ekɨp* ‘flecha’
> (Rodrigues 2007: 186).
>
> (5) *sá'e* ‘rede (de dormir)’, cf. Kwazá* i'tso* ‘hammock’ (van den Voort
> 2005: 401).
>
> (6) *dúja* ‘casa’, cf. Kanoê *t**ɨ**j**-* ‘house’ (van den Voort 2005:
> 399).
>
> (7) *kwásy* ‘gente’, cf. Aikaná *akũ'sũ*; Kanoê *akũ'tsũ* *‘*Indian’ (van
> den Voort 2005: 390).
>
> Las dos primeras de estas semejanzas ya fueron aludidas por Sérgio; y para
> (2) Hein ya mencionó también otros paralelos. En el caso de (1), Sérgio y
> ya antes Hein en su trabajo de 2005 aludieron a semejanzas existentes en
> lenguas andinas.
>
> En cualquier caso, el hecho de que en Taruma parezca haber relativamente
> tantas semejanzas en el vocabulario cultural con lenguas de Rondônia (o que
> las mayores y/o más abundantes semejanzas se encuentren en Rondônia),
> sugiere que la ubicación geográfica originaria de los hablantes de Taruma
> *podría* haber sido mucho más meridional que cualquiera de sus
> emplazamientos históricamente documentados…
>
> ¿O serán simples parecidos casuales?
>
>
> Saludo cordial a tod at s,
>
>
> J. Pedro Viegas Barros
>
>
>
> Referencias:
>
> Rodrigues, Aryon Dall’Igna (2007): As consoantes do Proto-Tupi. *Línguas
> e Culturas Tupi*, Vol. 1: 177-203.
>
> Voort, Hein van den (2005): Kwaza in a Comparative Perspective. *International
> Journal of American Linguistics* 71 (4): 365-412
>
>
> Em Terça-feira, 24 de Fevereiro de 2015 22:03, "Sérgio Meira
> asehpe at gmail.com [etnolinguistica]" <etnolinguistica at yahoogrupos.com.br>
> escreveu:
>
>
>
> OK. E façamos assim também: quando meus dados estiverem todos
> transcritos e num formato mais legivel do que "asa\'ma" ou pior (e depois
> que o Adrian tiver todas as traduções em Wapishana) (espero, daqui a um ou
> dois meses), envá-los-ei a vocês para ver se há mais paralelos.
>
> Sérgio
>
> 2015-02-24 12:27 GMT-03:00 Marcelo Jolkesky marjolkesky at yahoo.com.br
> [etnolinguistica] <etnolinguistica at yahoogrupos.com.br>:
>
>
> Ah, Sérgio, me esqueci de dizer que encontramos varios outros paralelos
> entre o Taruma e línguas da família Chibcha, mas ainda estamos avaliando um
> por um. Assim que tivermos um handout te enviaremos e seguramente
> apreciaremos muito seus novos comentários. O workshop será parte do SLE
> 2015, que ocorrerá entre 2 e 5 de setembro em Leiden.
>
> Marcelo
>
>
> Στις 10:46 π.μ. Τρίτη, 24 Φεβρουαρίου 2015, ο/η "Marcelo Jolkesky
> marjolkesky at yahoo.com.br [etnolinguistica]" <
> etnolinguistica at yahoogrupos.com.br> έγραψε:
>
>
>
> Olá Sérgio,
>
> Antes de tudo, muito obrigado por todas as considerações que fizeste a
> respeito dos dados. Nós justamente nos propusemos a avaliar a natureza
> destas semelhanças e a discutir a possibilidade de uma ligação entre o
> Taruma e línguas da família Chibcha. Temos consciência de que muitos dos
> termos comparados são monossílabos, e este também é um dos aspectos que
> queremos discutir no workshop em nossa apresentação. Temos consciência
> também que isto não é um impedimento, mas algo a ser considerado. Estamos
> utilizando dados de todas as fontes existentes, e, neste sentido,
> agradeço também por você ter tornado públicos estes dados de sua pesquisa.
> O termo agigi 'avó', por exemplo, está em Farabee (1918:279); nesta mesma
> publicação o termo abana corresponde a 'avô'. Com relação aos termos para
> partes do corpo, estamos avaliando a possibilidade de que o 'a' inicial de
> muitas dessas palavras tenha sido historicamente um morfema a parte. Temos,
> por exemplo: asiko 'pele', apa 'pé', asakidju 'orelha', aʧi 'olho', aso
> 'dente', asa/asə 'nariz', etc. (a forma asəmi, na realidade, precisaria ser
> segmentada: asə-mi nariz-1S 'meu nariz'). Nos teus dados, o termo ása
> significa tanto 'boca' como 'dente', mas é interessante notar que em dados
> mais antigos se notava uma distinção (cf.: ase-mö 'minha boca', aso-mö
> 'meu dente', asa-mö 'meu nariz'). O termo Taruma akwo/akwa 'braço' é
> interessante, pois, na realidade, é mais semelhante com muisca pkua-ka
> 'braço' e com terraba orkuo ‘mão’.
>
> Um abraço,
>
> Marcelo
>
>
> Στις 3:06 π.μ. Τρίτη, 24 Φεβρουαρίου 2015, ο/η "Sérgio Meira
> asehpe at gmail.com [etnolinguistica]" <etnolinguistica at yahoogrupos.com.br>
> έγραψε:
>
>
>
> Marcelo,
>
> vejo já alguns problemas com os exemplos que vocês mencionam no sumário,
> em geral provenientes da monossilabicidade dos termos, o aumenta a
> possibilidade de semelhanças acidentais. (Os dados são da Eithne, do
> Cary-Elwes, do Farabee, ou de alguma outra fonte? (Os de Loukotka são, é
> claro, secundários)) Além disso, as poucas correspondências não parecem
> regulares (*k* : *g *em 'louse', mas *k : k* em 'arm'). Será que vocês
> têm um *handout* com mais exemplos, a ser usado na apresentação (quando
> vai ser?), onde se possam observar correspondências mais regulares? Talvez
> eu pudesse fazer maiores comentários, caso vocês estejam interessados.
>
> Abaixo alguns comentários específicos sobre os exemplos mencionados.
>
>
> Proto-Chibchan /*kṹ/ ‘louse’ (Constenla Umaña 1981:397), Taruma
> *gu* ‘louse’;
>
>
> Em meus dados, 'louse' (= piolho) é *gída*, não *gu*, o que diminui a
> semelhança. Note também outras línguas com formas parecidas (p.ex., entre
> as línguas caribes, Mapoyo *kamɨ*, e entre as tupi, proto-tupi-guarani **kɨp
> *e cognatos em outros ramos -- Mawé *ŋɨp*, Munduruku *kíp*, Karitiana
> *gep*, etc.*).*
>
>
> Proto-Chibchan /*bÌ-/ ‘star’ (Constenla Umaña 1981:416), Taruma *ɸiira* ‘star’;
>
>
>
> Nos meus dados, *wíre*; note também que várias línguas da área do
> Mamoré-Guaporé em Rondônia têm *wirawira* 'estrela'. É possível que se
> trate de um termo proveniente da área, talvez de origem quechua.
>
>
> Proto-Chibcha /*kuí/ ‘arm’ (Constenla Umaña 361), Taruma *a-kuo* ‘arm’;
>
>
> Nos meus dados, *ákwa*, e a segmentação do *a-* inicial, embora muito
> frequente em partes do corpo, pode ser um pouco prematura... A diferença
> com a vogal final é também preocupante, já que diminui a semelhança entre o
> Taruma e o Proto-Chibcha a uma mera consoante (já que *kw* é um fonema
> único em Taruma, não uma sequência de fonemas).
>
>
> Proto-Chibchan /*tu/ ‘tooth’ (Constenla Umaña 1981:424) (> Dorasque su
> ‘tooth’ (Lehmann 1920:163)), Taruma *a-su* ‘tooth’
>
>
> Nos meus dados, *ásɨ* (também *ásɨma*), o que diminui a semelhança. Volto
> a notar que a monosilabicidade dos exemplos aumenta a probabilidade de
> semelhanças espúrias (o inglês *tooth* também pareceria, *a priori*, um
> cognato tanto do Proto-Chibcha quanto do Taruma...)
>
>
> Proto-Chibchan /*dù/ ‘bird’ (Constenla Umaña 1981:365) (> Dorasque *dul*
> ‘bird’ (Lehmann 1920:163), Atanques *súri* ‘bird’ (Celedón 1892:592)),
> Taruma *zuri* ‘bird’;
>
>
> Nos meus dados, *ʤɨ́ri*, sendo o *ʤ *retroflexo e rotacizado, como a
> fricativa escrita *z* em Wapishana, o que sugere influência por contato
> no casso desse som.
>
>
> Proto-Chibchan /*akIkI/ ‘old’ (Constenla Umaña 1981:403), Taruma *agigi*
> ‘grandmother’.
>
>
> Nos meus dados, *abána*. Existe um termo *koko* 'avó' em Wapishana; não
> terá havido confusão na obtenção do dado? De qualquer maneira, um termpo de
> parentesco com a sequência *k-k- *ou *g-g-*, em geral com a mesma vogal (
> *kuku*, *gugu*, etc.) é muito frequente em línguas norte-amazônicas, não
> sendo, em geral, indicação de parentesco genético (note-se que *koko *ou
> *kuku*, semelhante à forma Wapishana, ocorre em algumas línguas caribes).
>
>
> Parallels like these beg for further investigation. This talk
> discusses the possibility and the nature of a link between Taruma and
> Chibchan languages, mainly considering lexical data. In order to assess the
> parallels, the methods applied here are internal reconstruction and the
> comparative method.
>
> References:
> Adelaar, Willem F. H. with the collaboration of Pieter C. Muysken. 2004.
> The Languages of the Andes. Cambridge: Cambridge University Press.
> Celedón, Rafael. 1892. Vocabulario de la lengua de Atanques. In Actas del
> 8 Congreso Internacional de Americanistas, 591-599. Paris.
> Constenla Umaña, Adolfo. 1981.Comparative Chibchan Phonology. Ph.D.
> dissertation, University of Pennsylvania.
> Gilij, Filippo Salvadore. 1782. Saggio di storia Americana o sia storia
> naturale, civile, e sacra. De’regni, e delle provincie Spagnuole di
> Terra-ferma n’ell America meridionale. Tomo III. Della religione, e delle
> lingue degli Orinochesi, e di altri Americani. Rome: Luigi Perego Erede
> Salvioni.
> Greenberg, Joseph H. 1987. Language in the Americas. Stanford: Stanford
> University Press.
> Jijón y Caamaño, Jacinto. 1940–1945. El Ecuador interandino y occidental
> antes de la conquista castellana. Quito: Editorial Ecuatoriana.
> Lehmann, Walther. 1920. Zentral-Amerika: Die Sprachen Zentral-Amerikas. (I.)
> Berlin: Dietrich Reimer.
> Loukotka, Čestmír. 1949. La langue Taruma. Journal de la Société des
> Américanistes, 38: 53-65
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
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