Kur é 'porco' em Tupí-Guaraní

Victor Petrucci vicpetru at HOTMAIL.COM
Sat Aug 23 16:14:44 UTC 2008


Caro Angel

O termo quichua kuchi lembra bastante o Karitiana koy'cha 'porco do mato, taiaçu' e o Guarani Mbya kochi. Dooley não fala nada, mas porventura seria empréstimo do espanhol cochino ?

Indo um pouco mais adiante caimos na especialidade do Eduardo com o Macro-Jê Xavante kuhe 'porco doméstico e cateto' (tb. kuku), kuhude/kuhod(u) 'anta' e kuhòyä 'porco do mato pequeno' e outros.



Um termo interessante retorna à questão inicial do Eduardo kurjapuhe "porco" no Krenyé do Bacabal, se não estou errado. Como se segmenta esse termo? Aí mesmo retorna aos kuch- com o termo para anta kusyü'd. 

Um abraço

Victor A. Petrucci
Campinas - Brasil
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To: etnolinguistica at yahoogrupos.com.br
CC: etnolinguistica at yahoogrupos.com.br
From: corbera at uol.com.br
Date: Sat, 23 Aug 2008 11:31:36 -0300
Subject: RE: [etnolinguistica] Kuré 'porco' em Tupí-Guaraní



















    
            


Contudo, em Kechwa há o termo Kuchi para "porco doméstico". Esse termo Kuchi  ocorre no léxico de várias línguas indígenas da Amazônia Peruana. Sem dúvida introduzida por empréstimo.
Angel Corbera Mori
IEL-UNICAMP.

Os Terena (Aruak) do PI Taunay/Ipegue (MS) também usam "kuré" para porco. Certamente uma palavra oriunda do contato com os Mbyá e os Guaraní. 


 



To: etnolinguistica at yahoogrupos.com.br
From: dietriw at uni-muenster.de
Date: Sat, 23 Aug 2008 10:48:09 +0200
Subject: [etnolinguistica] Kuré 'porco' em Tupí-Guaraní





Prezado Eduardo,

As minhas consultas produziram o seguinte resultado, provisório até agora:
A palavra "kuré" no sentido de 'porco' tem uma distribuicao muito restrita.
Existe só no Guaraní paraguaio moderno e no Mbyá. Nao figura ainda nos
dicionários de Montoya (1640) e Restivo (1687 e 1722). O primeiro testemunho
de kuré 'porco' encontra-se no "Diccionario gramatical Guaraní-Espanhol" de
Florêncio Vera, Asunción 1903.
O que se encontra, porém, em todos os dicionários de Montoya, os dicionários
do Tupinambá até as línguas Tupí-Guaraní modernas é a raiz "kurer" 'migalhas,
pedacinhos, resto, sobra'. Montoya diz "Lo gruesso que queda después de aver
cernido la harina". A explicacao semântica poderia ser que o porco é aquele
animal doméstico que come os restos, especialmente os que sobram depois da
trituracao do graos. No Tupinambá temos "coréra" 'aparas de qualquer cousa,
argueiro, farello, farellagem, prgama, rebotalho, restos', na Língua Geral
Amazônica (Tatevin, 1910) "kurera" 'restes, miettes, rebut, marc, bagasse', no
Asuriní do Tocantins (Cabral-Rodrigues 2003), "korét, i-koréra" 'resto,
sobra', no Wayampi (Grenand 1989) "kule" 'morceau, restes', no Guarayo
(Hoeller 1932) "curér" 'triturado', Chiriguano (Dicionário Hable Guaraní,
1996) "kure" 'chala, afrecho, frangollo menudo, granulada'.

Um abrac,o,

Wolf Dietrich




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