Palavras para 'f lecha envenenada' em l ínguas Tupí(-Guaraní)
Cristina Martins Fargetti
cmfarget at GMAIL.COM
Tue Jun 24 10:51:54 UTC 2008
Olá, Eduardo,
em juruna, "flecha" é *txukáyá*. Mas ainda há *tuká* "lança",
*txazaká*"esporão" (semelhança com a "tonfa" chinesa), e
*kumarehá*, que é dado como "outro tipo de flecha".
Um abraço
Cristina
2008/6/23 Eduardo Rivail Ribeiro <kariri at gmail.com>:
> Prezados,
>
> A todos aqueles que responderam a minhas perguntas (Victor, Mônica e
> Dioney), meu muitíssimo obrigado. Em vista dos dados, parece-me provável
> que a origem desta palavra em Karajá é mesmo Tupi-Guarani -- se bem que a
> fonte continua sendo um mistério.
>
> Há alguns detalhes que me esqueci de compartilhar com vocês:
>
> (a) *j-* (em *j-uasa*, a forma de citação), uma africada alveopalatal
> sonora, é a forma que o prefixo "relacional" toma quando ocorre antes de
> vogais altas [+ATR]; nos demais ambientes, é d- ou l-;
>
> (b) na forma de terceira pessoa equivalente (*tx-uasa*), o prefixo é *tx-*,
> uma africada alveopalatal surda; nos demais ambientes, o prefixo de terceira
> pessoa é *t-* (uma implosiva alveolar).
>
> A forma da raiz varia entre *(j-)uasa* e *(j-)uwasa* -- forma, esta
> última, que estaria ainda mais próxima (da maioria) das formas Tupi.
>
> Enfim, é possível que o Karajá tenha recebido o empréstimo com um prefixo
> equivalente ao t- do Mundurukú, nos exemplos de Dioney (cognato do prefixo
> de possuidor humano em TG?): 'flecha venenosa de alguém'. Em empréstimos, o
> /t/ das línguas Tupí-Guaraní (também o do português) é sistematicamente
> interpretado como a implosiva alveolar do Karajá. A consoante inicial, por
> razões fonotáticas do Karajá, teria sido palatalizada. E, por analogia com
> formas nativas, o tx- teria sido analisado como um prefixo de terceira
> pessoa.
>
> Este é apenas um cenário, claro. Mas o fato de que não parece ser um
> empréstimo da Língua Geral ou do Tapirapé é o que me parece mais
> interessante, por sugerir contatos outros, talvez até mesmo com povos do
> Xingu -- de volta à tese de Baldus!
>
> Bem, por enquanto é isto. De novo, muito obrigado!
>
> Abraços,
>
> Eduardo
>
>
>
> ----- Original Message -----
> *From:* Dioney Moreira Gomes <dioney98 at unb.br>
> *To:* etnolinguistica at yahoogrupos.com.br
> *Sent:* Sunday, June 22, 2008 4:49 PM
> *Subject:* [etnolinguistica] Re: Palavras para 'flecha envenenada' em
> línguas Tupí(-Guaraní)
>
> Olá, Eduardo!
> A palavra para 'flecha' em Mundurukú é "op". Ela pode ou não ser
> possuída. Se possuída, usa-se o prefixo "d-" entre o possuidor e a
> coisa possuída: o=d-op 'minha flecha'. Caso o possuidor não esteja
> explícito no sintagma, ocorre o prefixo "t-": t-op 'flecha de alguém'.
> Um grande abraço!
> Dioney
>
> --- Em etnolinguistica at yahoogrupos.com.br, "eduardo_rivail"
> <kariri at ...> escreveu
> >
> > Prezados,
> >
> > Venho desconfiando, há algum tempo, que a palavra para 'flecha
> > envenenada' em Karajá -- j-uasa -- pode vir a ser um empréstimo de
> > alguma língua Tupí (cf. Lemos Barbosa, Pequeno Vocabulário
> Português-
> > Tupi, p. 107: uúba 'flecha', uubassy 'flecha envenenada'; como em
> > Tupi, esta palavra pertence à classe de raízes que levam o
> > chamado 'prefixo relacional').
> >
> > Por razões fonológicas, não me parece que KRJ juasa seja de origem
> > Tapirapé ou Língua Geral ("the usual suspects"); talvez pertença a
> > uma outra camada, mais antiga, de empréstimos Tupi em Karajá.
> >
> > Enfim, ficaria muito grato se os colegas da lista pudessem me
> > fornecer os equivalentes de uubassy em outras línguas Tupí,
> > especialmente as do Centro-Oeste (regiões do Xingu e Tocantins, em
> > particular). Ocorreriam cognatos em outras línguas Tupí além da
> > família Tupí-Guaraní?
> >
> > Mais uma vez, obrigado!
> >
> > Abraços,
> >
> > Eduardo
> >
>
>
>
-------------- next part --------------
An HTML attachment was scrubbed...
URL: <http://listserv.linguistlist.org/pipermail/etnolinguistica/attachments/20080624/08425cbf/attachment.htm>
More information about the Etnolinguistica
mailing list