"ACERVOS LING ÜÍSTI COS: Para compreender as línguas indígenas"

Alan Vogel alan_vogel at SIL.ORG
Wed May 28 22:02:03 UTC 2008


Obrigado pela sugestão, Eduardo. Daqui em diante vou mandar informativos para a lista sobre as novidades da página da SIL-Brasil. Devo informar por enquanto que além dos quatro trabalhos que já mencionei, os seguintes trabalhos antigos também foram colocados na página recentemente:

James and Kiyoko Kakumatsu, 2007 (1988) Dicionário por Tópicos Kaapor-Português
Joan Boswood, 2007 (1978), Quer Falar a Língua dos Canoeiros?
Loraine Bridgeman, 2007 (1981), "O Parágrafo na Fala dos Kaiwá-Guarani"
Carolyn Bontkes, 2007 (1988), "A Prosódia Silábica Surui"

E o seguinte dicionário é novo:

Sheila Tremaine, 2007, Dicionário Rikbaktsa-Português, Português-Rikbaktsa

Abraço, Alan

  ----- Original Message ----- 
  From: eduardo_rivail 
  To: etnolinguistica at yahoogrupos.com.br 
  Sent: Tuesday, May 27, 2008 11:31 AM
  Subject: [etnolinguistica] Re: "ACERVOS LINGÜÍSTICOS: Para compreender as línguas indígenas"


  Caro Alan,

  Obrigado pelas dicas. Vez ou outra visito a página de vocês para ver 
  o que há de novo. Mas será que seria possível criar um meio de manter 
  a comunidade informada sempre que houver novos acréscimos (seja 
  através desta lista, RSS feeds, etc.)?

  Desde já, obrigado.

  Abraço,

  Eduardo

  --- Em etnolinguistica at yahoogrupos.com.br, "Alan Vogel" 
  <alan_vogel at ...> escreveu
  >
  > Prezados listeiros,
  > 
  > Li com interesse a contribuição da profa. Ceci, e gostaria de 
  informar que a SIL tem sempre colocado os resultados das suas 
  pesquisas à disposição de todos, tanto na área de lingüística como 
  nas de antropologia, educação, e outras. Como já tem sido divulgado 
  aqui, oferecemos para download muitos dos trabalhos publicados 
  através dos anos na nossa página na internet 
  (http://www.sil.org/americas/brasil/PortTcPb.htm), junto com outros 
  trabalhos novos inéditos. Na medida que dispomos de pessoal, estamos 
  também colocando os trabalhos que fazem parte do nosso Arquivo 
  Lingüístico. Por exemplo, recentemente foram colocados quatro 
  trabalhos de Roberto Dooley: 
  > 
  > Participants in Guarani Narrative (1976)
  > Períodos Guarani (1977)
  > Pronouns and Topicalization in Guarani Texts (1978)
  > Apontamentos Sobre Ñandéva Guaraní Contemporâneo (1991)
  > 
  > Os trabalhos mais antigos nunca foram em forma digital, e estamos 
  escaneando-os e preparando-os como documentos PDF "searchable", para 
  serem mais úteis aos leitores (do que se fossem apenas imagens). Em 
  alguns casos a versão atual reflete pequenas revisões dos autores, 
  mas na maioria dos casos, o conteúdo é essencialmente igual ao da 
  versão original do Arquivo Lingüístico.
  > 
  > Alan Vogel
  > Coordenador de Pesquisas Lingüísticas
  > SIL - Brasil
  > 
  > ----- Original Message ----- 
  > From: Renato Athias 
  > To: etnolinguistica at yahoogrupos.com.br 
  > Sent: Wednesday, May 21, 2008 9:02 AM
  > Subject: [etnolinguistica] "ACERVOS LINGÜÍSTICOS: Para 
  compreender as línguas indígenas"
  > 
  > 
  > 
  > 
  > http://www.observatoriodaimprensa.com.br/ofjor/ofc05072000.htm
  > ACERVOS LINGÜÍSTICOS 
  > Para compreender as línguas indígenas
  > 
  > Ceci Maria Aparecida Honório (*)
  > 
  > Desde as primeiras publicações sobre o tupinambá ou tupi antigo, 
  entre as quais destacamos a Arte de gramática da língua mais usada na 
  costa do Brasil - obra do Padre Anchieta datada de 1595 -, outros 
  estudos descritivos foram sendo produzidos, sustentando sobretudo os 
  trabalhos de tradução da literatura religiosa nesta e em outras 
  línguas indígenas. Os relatos de missionários e viajantes da época 
  passam a constituir, por outro lado, material de base para a 
  elaboração de dicionários bilingües (português/línguas indígenas) e 
  para a construção de uma historiografia brasileira. Destes estudos 
  decorrem outros subseqüentes, compondo um vasto conjunto de 
  documentação sobre as línguas do Brasil, hoje diluído em alguns 
  arquivos públicos ou incorporado a acervos, na forma de "coleções". 
  > 
  > Vamos nos centrar aqui no modo de organização de dois arquivos 
  que, ao lado de outros não menos importantes, estão representados 
  como centros de referência para pesquisas em línguas indígenas. Trata-
  se do antigo acervo de Plínio Ayrosa, atualmente incorporado ao 
  acervo do MAE (Museu de Arqueologia e Etnologia da USP), e da Coleção 
  Línguas Indígenas do Brasil, que hoje integra o Cedae (Centro de 
  Documentação Cultural Alexandre Eulálio), no Instituto de Estudos da 
  Linguagem (IEL) da Unicamp. 
  > 
  > Queremos mostrar que o arquivo tem uma direção: o gesto de 
  organização de arquivo, ao incorporar um documento, rejeitar outros, 
  exerce um determinado controle da memória social, projeta leitores 
  possíveis nos acontecimentos de linguagem. Assim, tais arquivos 
  tornam ou não visíveis certos saberes acerca, neste caso, das línguas 
  do Brasil. O acesso a este tipo de conhecimento não se dá, pois, pelo 
  mero fato de o arquivo ter uma existência real. E sim pelo processo 
  histórico de sua constituição, modo de constituição de saberes. Deste 
  ponto de vista, o arquivo é, ao mesmo tempo, lugar de constituição e 
  de institucionalização destes saberes. Lugar de regulação do 
  conhecimento, que, portanto, não é neutro. 
  > 
  > Plínio Ayrosa: pesquisa e divulgação
  > 
  > Em 1934, introduzindo a cadeira de Etnografia e Línguas Tupi-
  Guarani na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, Plínio 
  Ayrosa passou a se dedicar aos estudos do tupi, vindo a fundar o 
  Museu de Etnografia que levou seu nome. Neste arquivo estão 
  organizadas documentações coordenadas, prefaciadas, comentadas ou 
  traduzidas por Ayrosa, referentes aos trabalhos lingüísticos de 
  missionários e viajantes: relatos, vocabulários, dicionários 
  bilingües (português-tupi), literatura religiosa (orações, 
  catecismos, diálogos, poemas etc). De sua autoria são também os 
  estudos dos designativos de origem tupi-guarani empregados na língua 
  portuguesa do Brasil, encontrados nos relatos de missionários, 
  viajantes, na literatura alencariana, na perspectiva geográfica 
  (toponímias) e etimológica. 
  > 
  > Ao organizar um certo saber sobre o tupi, o arquivo cria 
  condições para uma maior visibilidade dessa língua no país, pela 
  veiculação deste conhecimento na imprensa. Grande parte desta 
  produção foi publicada, principalmente no Arquivo Municipal de São 
  Paulo e no jornal O Estado de S.Paulo. Já em 1933 o autor havia 
  publicado suas "Primeiras noções de tupi" no Diário Oficial do Estado 
  de São Paulo.
  > 
  > Este modo de circulação de saberes, que apresenta a língua tupi 
  como "a língua indígena", produz um certo controle da memória social 
  acerca das outras línguas faladas no Brasil Colonial, ao mesmo tempo 
  em que contribui na construção de um imaginário de língua indígena. É 
  importante lembrar que a língua representada neste arquivo 
  corresponde ao tupi gramatizado, ou seja, aquele que resultou da 
  sistematização das línguas da família tupi. Desse trabalho de 
  gramatização feito pelos jesuítas, resulta também outras obras 
  escritas em Tupi: poesias, teatro, compondo a literatura religiosa. A 
  formação deste corpo lingüístico assim organizado produz um estatuto 
  diferenciado a esta língua relativamente as outras línguas indígenas 
  faladas no país: o tupi antigo passa a funcionar como língua de 
  transição entre culturas. Torna-se, ao lado do latim, língua de 
  catequese, lugar de possibilidade da expansão da doutrina católica e 
  do projeto colonialista. 
  > 
  > Coleção de línguas
  > 
  > Passemos agora ao arquivo organizado pelo professor Aryon 
  Dall'Igna Rodrigues, em um trabalho mais recente. O arquivo, que 
  compõe a intitulada "Coleção Línguas Indígenas do Brasil", foi criado 
  em 1973, no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp, por 
  iniciativa do professor. Nele constam, quase que exclusivamente, 
  documentos produzidos por missionários do SIL (Summer Institute of 
  Linguistic). Tendo iniciado seus trabalhos no país na década de 50, 
  auge da lingüística sincrônica, o Summer produziu um volumoso 
  material descritivo sobre as línguas indígenas, relativamente a 
  outros estudos de lingüistas brasileiros. A serviço das Novas Tribos 
  do Brasil (igrejas fundamentalistas americanas), no que concerne à 
  tradução do novo testamento em línguas indígenas, para evangelização 
  dos povos que as falam, divulgou seu Arquivo Lingüístico, com sede 
  própria em Porto Velho (RO), com algumas instituições (científicas ou 
  não), sendo acolhido também em centros de documentação, tais como o 
  da Funai e o do Museu Nacional, duas grandes referências sobre o 
  assunto, só para se ter uma idéia. 
  > 
  > Os documentos pertencentes a esse arquivo se dividem em estudos 
  sincrônicos, vocabulários, dicionários bilingües, textos indígenas, 
  vocabulário padrão para estudos comparativos nas línguas indígenas 
  brasileiras. Há também os textos indígenas que incluem temas do 
  cotidiano, lendas, sendo muitos destes textos com tradução bilingüe 
  não só na língua indígena/português como também em língua 
  indígena/inglês. Levando-se em consideração a presença de muitos 
  missionários-lingüistas em área indígena já há mais de 40 anos, chama-
  nos a atenção o fato de que grande parte do material lingüístico que 
  compõe o arquivo se apresenta em versões incompletas e rascunhadas. É 
  relevante ainda notar que o trabalho de tradução do Novo Testamento, 
  embora bastante representativo em termos quantitativos, não consta da 
  Coleção do Cedae - à exceção da documentação referente à língua 
  catalogada como Mawé (Sateré), em que se encontram os textos 
  Questions on God e Sateré biblie terms, em inglês e sem data. Segundo 
  dados da Associação das Missões Transculturais Brasileiras (AMTB, 
  1999), já foram traduzidas ou estão em processo de tradução para as 
  línguas indígenas cerca de cinqüenta bíblias, o que significa que 
  mais de um quarto das populações indígenas brasileiras já têm o Novo 
  Testamento na sua língua. 
  > 
  > O procedimento que exclui este tipo de texto religioso por aporte 
  do SIL, ao mesmo tempo em que controla a cientificidade do arquivo, 
  restringe o acesso aos processos históricos que determinaram sua 
  constituição. Esse procedimento se faz tanto explicitamente, negando-
  se ao texto a sua inclusão no acervo, quanto implicitamente, pelo 
  modo de categorização deste arquivo - intitulado Línguas Indígenas do 
  Brasil - que não refere o SIL no processo de sua nomeação. Este gesto 
  de leitura acoberta o discurso religioso pela transparência do 
  discurso científico. Além disso, a incorporação de alguns poucos 
  textos/artigos relativos a estudos de pesquisadores brasileiros, dos 
  quais destacamos o do próprio professor Aryon Rodrigues, e de um 
  missionário salesiano, o padre Casimiro Beksta, parece favorecer a 
  legitimação deste arquivo como um outro, que não corresponde ao 
  arquivo do SIL. Rejeitar alguns, incorporar outros. Gesto de leitura 
  que implica responsabilidade. 
  > 
  > Institucionalização de saberes 
  > 
  > Como vimos, a visibilidade de um certo tipo de produção 
  lingüística como trabalho científico se constrói pela própria 
  instituição que acolhe este arquivo. Constata-se a utilização de 
  dados do arquivo do SIL fundamentando trabalhos acadêmicos 
  concernidos ao estudo das línguas indígenas. O livro de Aryon 
  Rodrigues, Línguas Brasileiras - para o conhecimento das línguas 
  indígenas, referência bastante significativa nos cursos de 
  Lingüística Indígena e/ou Lingüística Antropológica, como são 
  chamados, apresenta também ampla divulgação do material produzido 
  pelo SIL, tendo em vista a escassez de trabalhos científicos 
  concernidos por lingüistas brasileiros especializados na área até a 
  década de 70. 
  > 
  > Outro aspecto relevante a ser considerado no processo de 
  constituição do arquivo é que no próprio momento em que ele se 
  organiza para exercer também um papel na divulgação de seu material, 
  ele projeta alguns leitores possíveis: "As equipes do SIL estão 
  preparando para arquivamento e possível futura publicação, coleções 
  de textos indígenas em formato interlinear com análise morfêmica e 
  tradução livre. Este material será de grande interesse para etnólogos 
  (o conteúdo dos textos) e lingüistas (a gramática dos textos.)". Sem 
  nos esquecer da projeção de um outro leitor: aquele que domina a 
  língua inglesa. Muitos desses estudos estão escritos nesta língua. 
  > 
  > Este gesto de organização produz um efeito de regulação do 
  trabalho de leitura de arquivo: quem deve ler o quê? A memória desses 
  saberes fica assim reservada a certos especialistas. 
  > 
  > Um outro lugar de divulgação deste tipo de produção científica, 
  não caracterizado como instituição acadêmica, tem sido as OGNs que 
  desenvolvem projetos com as comunidades indígenas. Através da mídia 
  eletrônica, particularmente a internet, o Instituto Socioambiental 
  (ISA), por exemplo, apresenta em seu site o item "Quadro dos Povos", 
  uma classificação atualizada (setembro/1997) das línguas indígenas 
  baseada na revisão do livro Línguas Brasileiras - para o conhecimento 
  das línguas indígenas, do Prof. Rodrigues, já referido. Quando 
  consultamos ainda o Arquivo da Funai, em seu site, encontramos 
  somente a indicação de pesquisa: "Consultar o livro de Rodrigues 
  acima citado". É interessante notar que justamente o hipertexto, que 
  simula "abrir" muitos arquivos, funciona de modo a dirigir o 
  movimento do leitor sempre para o mesmo arquivo. O movimento entre "o 
  dado" e (aquilo que aparece como) "o novo", ao mesmo tempo em que 
  amplia as possibilidades de acesso aos saberes, pela sua introdução 
  em outros suportes de divulgação, produz os mecanismos de seu 
  controle, re-apresentando o que já se encontra autorizado. 
  > 
  > Cientificidade e controle da memória
  > 
  > Mais do que uma divisão de trabalho de arquivo, organizada por 
  critérios acadêmicos de divisão dos campos do saber, a filologia, de 
  um lado, e os estudos sincrônicos, de outro, a constituição dos 
  arquivos apresentados deixa antever a determinação do discurso 
  religioso sobre o discurso científico. Neste modo de circulação do 
  saber, observamos um movimento que transforma/dissimula o trabalho 
  missionário de evangelização em trabalho científico, garantindo-se um 
  espaço de idoneidade e neutralidade política. 
  > 
  > Neste processo, lembramos ainda que o trabalho de classificação 
  das línguas, e, conseqüentemente, classificação dos povos, foi e 
  continua sendo instrumento útil no controle da diversidade 
  lingüístico-cultural no país, tanto por agentes internos quanto 
  externos. Podemos referir aqui o levantamento realizado pela já 
  citada AMTB, denominado A situação das tribos brasileiras, que mapeia 
  o "número de tribos, situação quanto à distribuição da população" e 
  categoriza os povos em três tipos: "Povo A - Grupo etnolingüístico 
  não evangelizado", "Povo B - Grupo etnolingüístico evangelizado, 
  porém não-cristão", e "Povo C - Grupo etnolingüístco cristão", 
  classificação que servirá para a planificação das ações 
  evangelizadoras.
  > 
  > Diante das reflexões apresentadas, perguntamos: que saberes podem 
  ou não ser disponibilizados, ou seja, de que perspectiva se organiza 
  esse arquivo? Podemos dizer que o trabalho de classificação, de 
  categorização, enfim, a prática metodológica, ao organizar 
  formalmente um campo da documentação, produz uma certa assepsia no 
  processo de construção do conhecimento, selecionando e reorganizando 
  um campo de memória, a partir de uma certa conjuntura histórica. 
  > 
  > Do nosso ponto de vista, é preciso que a organização dos "dados" 
  lingüísticos funcione não como um depósito de informações 
  materializadas nos documentos, mas como um espaço de saber organizado 
  pela relação entre diferentes memórias que compõe o social. Relação 
  que, ao movimentar o arquivo, produz sua significação histórica no 
  acontecimento de linguagem. 
  > 
  > Línguas e a história no Brasil
  > 
  > Acompanhar uma parte do processo histórico de construção destes 
  arquivos nos leva a dizer, sobre estes arquivos, os quais constituem 
  um campo de saber, que, ao distribuir a palavra, numa certa medida, 
  ora para um Deus católico, que legitima o tupi como língua que saiu 
  da barbárie, ora para um Deus evangélico, que proclama a salvação de 
  todos os homens pela tradução do "testamento", legitima estes 
  discursos em nome da ciência. Neste espaço de constituição de 
  saberes, a imagem de um arquivo, significado como depositário de um 
  conhecimento científico sobre as línguas indígenas, naturaliza e 
  neutraliza as próprias línguas e seus falantes, pelo apagamento do 
  processo de sua constituição. 
  > 
  > Queremos chamar a atenção para o fato de que esses arquivos têm 
  uma histórica, que tem a ver com a história da constituição das 
  ciências e a história das sociedades. Do nosso ponto de vista, a 
  ciência deve se colocar como um espaço democrático de circulação de 
  conhecimento, espaço que se configura não só de alianças mas também 
  de confrontos. 
  > 
  > Da perspectiva dos estudos lingüísticos, consideramos que o 
  entendimento do "espetáculo" dos 500 anos de Brasil se faz pela 
  memória histórica dos povos que o geraram. E não de sua exclusão. 
  > 
  > (*) Lingüista, pesquisadora associada na Universidade Federal de 
  São Carlos (UFSCar)
  >



   
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