monografia sobre marcaçao de Caso (Xavante)
eduardo_rivail
kariri at GMAIL.COM
Sat Oct 4 15:51:00 UTC 2008
Caro Victor,
Muito obrigado pela explicacao (e parabens, mais uma vez, pela
monografia). Em principio, eu nao vejo nada de mais com a defesa de
teses em ingles (ou espanhol, frances ou outra lingua de conhecimento
amplo) em instituicoes brasileiras, seja como exercicio academico
(afinal, trata-se de curso de letras) ou por outra razao, desde que
isto esteja de acordo com as diretrizes da instituicao (o que,
presumo, eh o seu caso). Vejo, por exemplo, que colegas brasileiros
defenderam teses na Holanda em portugues (algo perfeitamente
justificavel, ja que o publico-alvo destes trabalhos, presume-se,
teria familiaridade com o portugues ou o espanhol). Minha atitude de
tolerancia, no entanto, eh de mao dupla: acho estranho, por exemplo,
que o Premio Mary Haas tenha sido dado, ate o momento, apenas a teses
em ingles, apesar da grande quantidade de trabalhos produzidos em
portugues e espanhol, muitos de excelente qualidade (para uma pequena
amostra, visite http://www.etnolinguistica.org/teses).
Discordo, por isso, com a argumentacao simplista do Rafael, que
parece pensar que o portugues (lingua com centenas de milhoes de
falantes, com uma tradicao literaria milenar, e ensinada, no
exterior, em qualquer instituicao academica respeitavel) seria, de
certa forma, inacessivel. Creio que as centenas de colegas que vem
defendendo teses em portugues tem, tambem, a expectativa de serem
lidos -- e serao, claro, se se trata de contribuicao original e de
qualidade. Parafraseando o Victor, "pesquisadores sérios ou pessoas
realmente interessadas" em linguas sul-americanas tem a obrigacao de
conhecer bem o portugues ou o espanhol (ou ambos) e "não deveriam ter
grandes problemas" em entender trabalhos escritos nestas linguas. As
instituicoes brasileiras ja vem fazendo sua parte para tornar sua
producao cientifica acessivel a pesquisadores do mundo inteiro (vide,
por exemplo, bibliotecas digitais universitarias, como a da Unicamp,
ou o grande numero de periodicos academicos que estao migrando para a
internet, com apoio governamental).
Eh paradoxal (para nao dizer hipocrita) que, numa area em que se
esforca para promover o uso de linguas indigenas na educacao escolar,
se pense que linguas como o portugues (ou o espanhol) sejam
academicamente "inviaveis".
Abracos,
Eduardo
--- Em etnolinguistica at yahoogrupos.com.br, "victorlinguist"
<victorlinguist at ...> escreveu
>
> Olá Rafael!
> Antes de tudo, obrigado pela defesa abaixo! Já te considero um bom
> advogado :)
> Quanto ao fato de eu ter escrito minha monografia em inglês e não
em
> português, o motivo é muito simples, ao meu ver, de entender. Minha
> razão principal tem a ver com a minha paixão enorme por línguas e
> minha vontade de viver e continuar meus estudos no exterior (ano
que
> vem começo meu mestrado na França), uma vez que assim fazendo terei
> uma chance muito maior de aprender e praticar novos idiomas. Ao
> escrever uma tese em inglês, isso a torna, como você mesmo falou,
> muito mais acessível a várias pessoas que possam por ela se
> interessar. Até pensei em fazer duas versões, uma em português e
> outra em inglês. No entanto, achei desnecessário, uma vez que
> acredito que pesquisadores sérios ou pessoas realmente interessadas
> em lê-la não deveriam ter grandes problemas para entendê-la em
> inglês, língua hoje essencial para os estudos em línguística, uma
> vez que a maior parte da bibliografia de nossa área se encontra
> nessa língua. Voilá, c'est tout.
>
> Abraços,
> Victor
>
>
> --- Em etnolinguistica at yahoogrupos.com.br, "rbnonato" <rafaeln@>
> escreveu
> >
> > Os advogados existem para fingir neutralidade na defesa de
alguém.
> Então me auto-
> > declaro advogado de Victor, conquanto que ele mesmo discorde.
> >
> > Melhor considerar que qualquer pessoa que não seja capaz de ler
na
> tua língua deve ter
> > acesso vetado às tuas frases ou melhor ser capaz de escrever de
um
> jeito que permita
> > disseminar as tuas idéias? Eu sempre fantasiei que na ciência se
> escrevesse para ser-se
> > lido, e não para outra coisa (eu sei, eu sei, vivo num mundo
> ideal).
> >
> > Rafael.
> >
> > --- Em etnolinguistica at yahoogrupos.com.br, Dulce Franceschini
> <dulcefranceschini@>
> > escreveu
> > >
> > > Olá, Victor,
> > >
> > > Parabéns pelo seu trabalho!
> > > Não entendi, entretanto, porque você o escreveu em Inglês e não
> em Português, já que
> > estamos no Brasil e nossa língua é o Português.
> > >
> > > O que será de nós, do Português, se começarmos a escrever em
> nossas faculdades de
> > Letras trabalhos em línguas estrangeiras?
> > >
> > > Vivi muito tempo no exterior, França, e nunca presenciei tais
> acontecimentos; pelo
> > contrário, várias leis, normas para a realização de congressos
> foram votadas assegurando
> > o direito dos franceses de participar de eventos científicos,
> mesmo não dominando outras
> > línguas, pois era obrigatória a tradução das comunicações feitas
> em outros idiomas....
> > >
> > > É triste ver que nós, brasileiros, cedemos tão facilmente
> aos "encantos" de outras
> > línguas...
> > >
> > > Dulce
> > >
> > >
> > >
> > >
> > >
> > >
> > >
> > > To: etnolinguistica@: victorlinguist@: Wed, 24 Sep 2008
> 21:15:38 -0300Subject:
> > [etnolinguistica] monografia sobre marcaçao de Caso (Xavante)
> > >
> > >
> > >
> > >
> > >
> > >
> > > Olá amigos,
> > >
> > > Em junho de 2008 agora defendi minha monografia na UFMG
> entitulada Languages of
> > the World and their Case marking. The Brazilian language Xavante:
> a case study, sob
> > orientaçao do professor Dr. Fábio Bonfim Duarte.
> > > A mesma se encontra no link
> http://www.etnolinguistica.org/tese:santos_2008a
> > >
> > > Um abraço a todos,
> > > Victor -- Languages are
> windows to the soul
> > >
> > >
> > >
> > >
> > >
> > >
> > >
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> Messenger!
> > > http://www.amigosdomessenger.com.br/
> > >
> >
>
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