Kur é 'porco' em Tupí-G uaraní
Pedro Viegas Barros
peviegas2003 at YAHOO.COM.BR
Sun Aug 24 15:55:57 UTC 2008
Estimados colegas
El tema del origen de las formas de tipo KVS, KVTS, KVR para cerdo, puerco (y animales similares) en lenguas aborígenes sudamericanas podría tener más de una respuesta correcta.
Por una parte, raíces del mencionado tipo (KVS, KVTS, KKVR) podrían ser onomatopeyas del gruñido de cerdos y animales afines, por lo que cabría la posibilidad de considerar un posible origen onomatopéyico para algunos de los términos mencionados en los mensajes precedentes, más algunos otros como:
- kadiwéu (Griffiths 2002) GatiGa caititu,
- chimane (Pérez Diez 2000) kiti cerdo,
- chipaya (Olson 2000) qiri un tipo de cerdo,
- mocoví, toba (Buckwalter & Litwiller de Buckwalter 2004) kos cerdo.
En este último caso, la forma mocoví y toba kos me parece más bien una onomatopeya que un eventual préstamo del castellano (o del quechua), porque si éste último fuera el caso se esperaría (normalmente) el mantenimiento de la vocal final de coche o kuchi. En cambio, el pilagá (Buckwalter & Litwiller de Buckwalter 2004) ko:'tSi sí es, con toda probabilidad, el resultado de una transferencia léxica (el alargamiento de la vocal originariamente acentuada es muy frecuente en préstamos del español a las lenguas guaicurúes del Sur).
Por otra parte, hay que reconocer que el préstamo del castellano coche a lenguas indígenas es relativamente antiguo, al menos en algunas zonas. Por ejemplo, la transferencia del castellano al gününa yajüch (la lengua de los gününa küne o antiguos puelches de la región pampeana y norte de la Patagonia; Casamiquela 1983) kutSa cerdo muestra un grado mayor de nativización que por citar otro préstamo dentro del mismo campo semántico- toro toro, cf. el reemplazo de la vocal o española por u (o se mantiene en los préstamos más recientes) y el cambio e > a que se manifiesta en las palabras tomadas de otras lenguas en fechas más antiguas (por ejemplo, mapudungun meli > gününa yajüch malï cuatro, frente a préstamos más recientes como mapudungun teti > gününa yajüch teti plomo). En consecuencia, gününa yajüch kutSa estaría posiblemente entre los préstamos más antiguos que esta lengua tomó del
español
Finalmente, me parece también digna de atención la eventual etimología propuesta por Dietrich para el guaraní kure, cf. el hecho de que la palabra italiana porco tendría su o tónica cerrada (y no abierta como se esperaría de su etimología: latín porcus, con o breve) debido a influencia de sporco < spurcus sucio.
Saludos a todos,
J. Pedro Viegas Barros
Referencias:
Buckwalter, Alberto S. & Lois Litwiller de Buckwalter. 2004. Vocabulario castellano-guaycurú, Formosa/Elkhart: Equipo Menonita/Mennonite Missions Network.
Casamiquela, Rodolfo M. 1983. Nociones de gramática del gününa küne, Paris: Centre National de la Recherche Scientifique-PUF.
Griffiths, Glyn. 2002. Dicionário da língua Kadiwéu. Kadiwéu-Português,Português-Kadiwéu. Cuiabá, MT: Summer Institute of Linguistics.
Pérez Diez, Andrés A. 2000. Chimane WordList, South American Indian Languages,
Computer Database (Intercontinental Dictionary Series, Vol. 1). General Editor Mary Ritchie Key. Irvine: University of California. CD-ROM.
Olson, Ronald D. 2000. Chipaya WordList, South American Indian Languages, Computer Database (Intercontinental Dictionary Series, Vol. 1). General Editor Mary Ritchie Key. Irvine: University of California. CD-ROM.
Símbolos: G oclusiva uvular sonora, tS africada palatal sorda, ï vocal alta central, oclusiva glotal.
--- Em sáb, 23/8/08, Adelaar, W.F.H. <w.f.h.adelaar at let.leidenuniv.nl> escreveu:
De: Adelaar, W.F.H. <w.f.h.adelaar at let.leidenuniv.nl>
Assunto: RE: [etnolinguistica] Kuré 'porco' em Tupí-Guaraní
Para: etnolinguistica at yahoogrupos.com.br, etnolinguistica at yahoogrupos.com.br
Data: Sábado, 23 de Agosto de 2008, 15:38
Caro Victor,
A palavra 'coche' para porco aínda se utiliza no espanhol de algumas partes do norte do Peru e segundo os dicionários também em Nicaragua. Esta palavra antiga do espanhol parece ser a fonte direita do quechua
'k(h)uchi'. Talvez 'cochino' tenha sido uma derivação de 'coche'. Não sei se poderia haver uma relação de empréstimo entre o espanhol 'coche' e o guaraní 'kure'?
A situação é semelhante ao caso do gato, representado como 'mis' ou 'mich(i)', também empréstimo do espanhol, em quase todas as línguas ameríndias com influência espanhola. Parece que nenhuma língua tiver tomado 'gato' como empréstimo.
Abraços,
Willem Adelaar
Van: etnolinguistica@ yahoogrupos. com.br namens Wolf Dietrich
Verzonden: zo 24/08/2008 3:28
Aan: etnolinguistica@ yahoogrupos. com.br
Onderwerp: Re: [etnolinguistica] Kuré 'porco' em Tupí-Guaraní
Caro Victor,
A raiz kochi nao existe só no Guaraní Mbya, mas também no Guarani do Chaco
Boliviano (Chiriguano) , onde é kúchi. Mas o termo nao tem nada que ver com a
pergunta do Eduardo. O espanhol cochino 'porco' entrou no quechua (khuchi) e
aimara (khuchi) e dali no Guarani, como tantas outras palavras. No espanhol
parece ser termo expressivo, como o cochon do Francês, de uma raiz "kuch" para
chamar os porcos (Corominas, Dic. etim. espanhol e hispánico).
Abraços,
Wolf Dietrich
Muenster - Alemanha
Victor Petrucci schrieb am 2008-08-23:
> Caro Angel
> O termo quichua kuchi lembra bastante o Karitiana koy'cha 'porco do
> mato, taiaçu' e o Guarani Mbya kochi. Dooley não fala nada, mas
> porventura seria empréstimo do espanhol cochino ?
> Indo um pouco mais adiante caimos na especialidade do Eduardo com o
> Macro-Jê Xavante kuhe 'porco doméstico e cateto' (tb. kuku),
> kuhude/kuhod( u) 'anta' e kuhòyä 'porco do mato pequeno' e outros.
> Um termo interessante retorna à questão inicial do Eduardo kurjapuhe
> "porco" no Krenyé do Bacabal, se não estou errado. Como se segmenta
> esse termo? Aí mesmo retorna aos kuch- com o termo para anta kusyü'd.
> Um abraço
> Victor A. Petrucci
> Campinas - Brasil
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> From: corbera at uol. com.br
> Date: Sat, 23 Aug 2008 11:31:36 -0300
> Subject: RE: [etnolinguistica] Kuré 'porco' em Tupí-Guaraní
> Contudo, em Kechwa há o termo Kuchi para "porco doméstico". Esse
> termo Kuchi ocorre no léxico de várias línguas indígenas da Amazônia
> Peruana. Sem dúvida introduzida por empréstimo.
> Angel Corbera Mori
> IEL-UNICAMP.
> Os Terena (Aruak) do PI Taunay/Ipegue (MS) também usam "kuré" para
> porco. Certamente uma palavra oriunda do contato com os Mbyá e os
> Guaraní.
> To: etnolinguistica@ yahoogrupos. com.br
> From: dietriw at uni- muenster. de
> Date: Sat, 23 Aug 2008 10:48:09 +0200
> Subject: [etnolinguistica] Kuré 'porco' em Tupí-Guaraní
> Prezado Eduardo,
> As minhas consultas produziram o seguinte resultado, provisório até
> agora:
> A palavra "kuré" no sentido de 'porco' tem uma distribuicao muito
> restrita.
> Existe só no Guaraní paraguaio moderno e no Mbyá. Nao figura ainda
> nos
> dicionários de Montoya (1640) e Restivo (1687 e 1722). O primeiro
> testemunho
> de kuré 'porco' encontra-se no "Diccionario gramatical
> Guaraní-Espanhol" de
> Florêncio Vera, Asunción 1903.
> O que se encontra, porém, em todos os dicionários de Montoya, os
> dicionários
> do Tupinambá até as línguas Tupí-Guaraní modernas é a raiz "kurer"
> 'migalhas,
> pedacinhos, resto, sobra'. Montoya diz "Lo gruesso que queda después
> de aver
> cernido la harina". A explicacao semântica poderia ser que o porco é
> aquele
> animal doméstico que come os restos, especialmente os que sobram
> depois da
> trituracao do graos. No Tupinambá temos "coréra" 'aparas de qualquer
> cousa,
> argueiro, farello, farellagem, prgama, rebotalho, restos', na Língua
> Geral
> Amazônica (Tatevin, 1910) "kurera" 'restes, miettes, rebut, marc,
> bagasse', no
> Asuriní do Tocantins (Cabral-Rodrigues 2003), "korét, i-koréra"
> 'resto,
> sobra', no Wayampi (Grenand 1989) "kule" 'morceau, restes', no
> Guarayo
> (Hoeller 1932) "curér" 'triturado', Chiriguano (Dicionário Hable
> Guaraní,
> 1996) "kure" 'chala, afrecho, frangollo menudo, granulada'.
> Um abrac,o,
> Wolf Dietrich
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